A
ofensiva contra o ministro Augusto Nardes foi mais um tiro do governo
Dilma que saiu pela culatra. Além de ter as contas rejeitadas, como já
era esperado, o Planalto foi acusado de tentar intimidar o Tribunal de
Contas da União.
Às
vésperas do julgamento, o governo tentou afastar o relator do caso.
Para anunciar a ideia, organizou uma inusitada entrevista de três
ministros em pleno domingo. Eles acusaram Nardes de antecipar o voto que
condenaria as pedaladas fiscais.
O
relator não deixou dúvidas de que pediria a rejeição das contas. Deu
entrevistas inflamadas, recebeu militantes pró-impeachment e declarou
que a corte faria "história". Chegou a usar o Facebook para amplificar
elogios que recebeu.
O
comportamento incomodou alguns ministros do TCU, que cogitavam não
endossar a reprovação das contas. No entanto, o ataque do governo
estimulou uma reação unânime em solidariedade a Nardes.
Em
órgãos com mandato vitalício, o espírito de corpo costuma prevalecer
sobre divergências individuais. Isso tendia a ser mais forte no TCU, que
tem quatro entre nove ministros citados em investigações criminais.
A
ofensiva contra Nardes transformou uma provável derrota numa surra com
direito a sermão. "Quero registrar minha indignação", discursou o
ministro substituto André Luiz de Carvalho. Foi aplaudido pelos colegas e
por deputados da oposição que lotavam o plenário da corte.