sábado, 20 de maio de 2017

Quem vai escapar?



    

As delações dos tubarões do Frigorífico JBS são avassaladoras para a classe política brasileira. Atingem tanta gente que a impressão que dá é que não escapa ninguém. Mas deixam também a constatação de que PSDB, PT, PMDB e PSB, além de outros partidos, recorreram aos mesmos canais de obtenção de dinheiro sujo para financiar suas campanhas.
Se um dia antes, o PT comemorou a derrocada de Temer, que virou um zumbi no Palácio do Planalto com o vazamento da gravação do empresário Joesley Batista, a liberação dos novos áudios doempresário, o deputado apresentou uma lista com 30 deputados que poderiam ser "comprados" por R$ 5 milhões cada um. O empresário diz ter "comprado" cinco deputados por R$ 3 milhões cada. Perguntado pelos investigadores, ele diz que não se lembrava dos nomes dos que foram comprados e não tinha a lista.
Na delação, Joesley contou que pagou R$ 30 milhões em propina para eleger Eduardo Cunha (PMDB) na Câmara. Segundo empresário, peemedebista “saiu comprando deputados Brasil a fora”. Na mesma delação, Joesley Batista relata pagamento de R$ 6 milhões em notas frias a José Serra. Em um dos vídeos que integram a delação, Joesley Batista detalha como funcionava a corrupção e como se aproximou de Temer. Ele conta que muitas vezes, a propina era disfarçada de doação política.
Segundo Joesley, a empresa pagou, nos últimos anos, cerca de R$ 400 milhões em propina a políticos. O diretor do frigorífico JBS, Ricardo Saud, afirmou à Procuradoria-Geral da República que pagou R$ 35 milhões em propina a cinco atuais e ex-senadores do PMDB para garantir o apoio de todo o partido à reeleição de Dilma Rousseff nas eleições de 2014.
Joesley Batista também entregou ao Ministério Público Federal gravação na qual Aécio Neves (PSDB-MG) pede a ele R$ 2 milhões para pagar as despesas com advogados que o defendem em processos na Lava Jato. Com base no que os delatores informaram, o ministro Luiz Edson Fachin determinou o afastamento de Aécio do mandato de senador.
No caso específico de Pernambuco, Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da JBS, revela, em sua delação, que a empresa negociou propina de R$ 15 milhões com Eduardo Campos, Paulo Câmara e Geraldo Julio. “Ficamos muito empolgados com a candidatura do Eduardo Campos. E tivemos com ele em alguns jantares, em conversas, com ele o Paulo Câmara e o Geraldo Júlio. A gente resolveu investir nele”. “Nós pusemos um limite pra ele, pra iniciar, pra ter as coisas e tal. Vamos deixar aqui pra você uns R$ 15 milhões de propina. Se você continuar a crescer, nós vamos te alimentando. Depois a gente acerta quando você ganhar. E isso foi feito” explicou Saud.