sábado, 17 de março de 2018

Lula já discute o que fazer no dia da prisão


Segundo aliados, ex-presidente avalia hipótese de se apresentar, evitando imagens típicas de operação policial

Folha de S.Paulo

Embora o assunto esteja formalmente interditado entre petistas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já discute com aliados como proceder caso seja determinada sua prisão.
Segundo interlocutores, o ex-presidente avalia a hipótese de se apresentar, evitando a produção de imagens negativas típicas de uma operação policial.
Outra possibilidade é que o petista espere a chegada dos agentes policiais, também cercado por seus apoiadores. Nesse caso, porém, Lula poderia perder o controle da situação ao ser conduzido por policiais.
Petistas estão a postos para acompanhar o ex-presidente. Segundo colaboradores, só Lula poderá tomar essa decisão, que dependerá de onde estiver no dia definido para o cumprimento da sentença.
Na noite desta sexta (16), durante lançamento de um livro em São Paulo, o ex-presidente afirmou que, se mantida a condenação, será "o primeiro preso político do país no século 21".
Em discurso ao lado de aliados políticos e apoiadores no sindicato dos químicos, Lula atacou a Lava Jato e disse que está animado, apesar de condenado pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) a 12 anos e 1 mês de prisão.
Segundo ele, o objetivo da operação é "execrar e condenar as pessoas antes do julgamento". "Eu tenho consciência de que os que me condenaram não têm a consciência tranquila da inocência que eu tenho porque eles acham que mentiram", afirmou, antes de criticar imprensa, Ministério Público e Justiça pelo processo do tríplex em Guarujá (SP).
O evento encheu o auditório do sindicato no centro de São Paulo, onde ocorreu o lançamento do livro "A Verdade Vencerá: O Povo Sabe Por Que Me Condenam" (ed. Boitempo), em que Lula diz estar "pronto para ser preso" e afirma que não fugirá.
p(inter). caravana
Depois de percorrer Nordeste e Sudeste, Lula inicia, na manhã desta segunda-feira (19), a etapa sulista de sua caravana pelo país.
Em sua quarta fase, terá a educação como tema. O roteiro, de nove dias, inclui visita ao mausoléu do presidente Getúlio Vagas (1930-1945 e 1951-1954), além de encontros com ex-presidentes sul-americanos. Já no primeiro dia, ele terá uma conversa pública com o ex-presidente do Uruguai Pepe Mujica, que governou o país de 2010 a 2015.
O petista estará em Foz do Iguaçu (PR) no dia 26, mesmo dia em que o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª região), em Porto Alegre, realizará uma sessão extraordinária sobre o assunto. Cabe à corte decidir se Lula será preso ou não em segunda instância.
Além disso, a defesa do ex-presidente tem recorrido aos tribunais superiores, em Brasília, como o STJ (Superior Tribunal de Justiça) e o STF.
Um habeas corpus em favor do petista já foi negado pela Quinta Turma do STJ. Na quarta (14), os advogados de Lula fizeram novo pedido ao ministro do STF Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato na corte. Requereram a suspensão de uma eventual prisão do ex-presidente.
A principal aposta da defesa é conseguir reverter o atual entendimento do Supremo em favor do cumprimento de pena após condenação em segunda instância.