quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Marcelo investia em Aécio "pelo seu potencial político"


Marcelo Odebrecht diz que 'investia' em Aécio pelo seu 'potencial político'

Folha de S.Paulo – Rubens Valente e Reynaldo Turollo JR
Em depoimento prestado à Polícia Federal por ordem do STF (Supremo Tribunal Federal), o empreiteiro Marcelo Odebrecht, 49, afirmou que "investia" no senador Aécio Neves (PSDB-MG), então governador de Minas Gerais, por seu "grande capital e potencial político". Por isso, segundo Marcelo, ele orientou seus executivos a serem "mais generosos nas doações de campanha".
Em contrapartida, segundo o empreiteiro, Aécio "sempre se mostrava disposto a atender as solicitações de apoio que lhe eram feitas pelo Grupo Odebrecht" ou pelo próprio Marcelo.
O depoimento foi prestado no último dia 16 de novembro na Superintendência da PF em Curitiba (PR) e anexado aos autos da investigação na tarde desta quarta-feira (20).
O dono da Odebrecht, que fechou um acordo de delação premiada com a PGR (Procuradoria-Geral da República), disse ainda que as contribuições eleitorais "que eram concedidas por solicitação de Aécio" deveriam ser "relativamente maiores do que quando se compara com outros políticos".
Segundo Marcelo, havia uma "grande perspectiva no futuro" da relação com o político.
Marcelo disse que conheceu Aécio por volta de 2001 ou 2002, quando o tucano ainda era deputado federal. A partir de 2006, a relação ganhou "um cunho mais pessoal", pois ele recebia Aécio em sua casa "para encontros onde conversavam sobre política de uma forma geral, sobre o projeto político de Aécio, que mirava a Presidência da República".
Também falavam, segundo o empresário, sobre "os conflitos que havia" entre a Odebrecht, a empreiteira Andrade Gutierrez e a Cemig, central elétrica do governo mineiro, e sobre "temas pontuais e relevantes que algum empresário da organização pedia apoio" a Marcelo. Citou como exemplo "a aprovação, pelo Senado, da entrada da Venezuela no bloco do Mercosul". Outros pontos eram "algum apoio em atos legislativos de interesse do grupo Odebrecht" e "exercer influência junto a algum político de sua base".