Carlos Brickmann
Desculpe,
mas é preciso registrar que nossos concidadãos só reclamam, e quando
suas reclamações são atendidas reclamam do mesmo jeito.
Carlos
Arthur Nuzman, supremo cacique olímpico e chefão do vôlei, foi preso há
dias. E está todo mundo indignado com ele. Lembremos: durante 50 anos, o
país só viu o ouro olímpico em 1920 (Guilherme Paraense, tiro). 1952 e
1956 (Adhemar Ferreira da Silva, salto triplo). Não ganhávamos ouro
olímpico nem no futebol. Enquanto isso, americanos, russos, cubanos,
alemães orientais e chineses se entupiam de medalhas de ouro. Com a
prisão de Nuzman, descobrimos que em seu poder tinha 16 barras de ouro.
Mais ouro que todas as medalhas de todos os gringos, em todos esses
anos, somadas. Agora reclamam dele por realizar nossos sonhos de
medalhas!
E
Geddel, então? Geddel, mais que uma pessoa, é legião; aqui o citamos
como símbolo de tantos colegas que, como ele, se dedicam ao bem. E essa
nobre atividade é desempenhada com tanto desvelo que, em poucos anos de
carreira, os mais competentes entre eles já acumularam bens de sobra.
Geddel, nosso exemplo, tinha R$ 51 milhões em casa.
Temos
ainda o túnel construído para roubar R$ 1 bilhão do banco. Nós nos
queixamos de obras superfaturadas e malfeitas. Este túnel foi bem feito
em três meses, é sólido, custou R$ 4 milhões. Não temos do que reclamar:
apenas reconhecer que os bandidos dos outros são melhores que os
nossos.