Josias de Souza
Durou
menos de 15 dias a suposta unificação do discurso do PSDB a favor do
impeachment de Dilma Rousseff. Reunidos em Brasília no dia 10 de
dezembro, os seis governadores tucanos, FHC, Aécio Neves e os líderes da
legenda no Congresso haviam anunciado a superação das divergências
internas sobre o tema. Era lorota. No momento, os tucanos não são
unânimes nem sozinhos.
As
fissuras foram reabertas pelo STF, ao fixar um rito processual para o
impeachment com regras que favoreceram Dilma Rousseff. O pedaço do PSDB
mais próximo de Aécio Neves voltou a apostar na estratégia que prevê a
anulação do mandato de Dilma pelo Tribunal Superior Eleitoral. Nesse
caso, a lâmina alcançaria também o mandato do vice Michel Temer. E seria
convocada nova eleição presidencial, da qual Aécio participaria.
O
PSDB da Câmara avalia, porém, que é preciso esgotar as tentativas de
obter o impedimento de Dilma pelo Congresso. Hipótese que levaria Temer a
assumir a cadeira de presidente, para concluir o mandato. Além da
grossa maioria dos 54 deputados federais tucanos, engancha-se nessa
corrente o senador José Serra, candidato não declarado a ministro de um
eventual governo Temer.
Espécie
de porta-voz da ala que se volta para o TSE, o líder do PSDB no Senado,
Cássio Cunha Lima, diz que é preciso reconhecer que as regras
estabelecidas pelo STF mudaram o jogo. Ele realça que o próprio PMDB
dividiu-se: “Michel Temer perdeu força. Ganhou um protagonismo maior
Renan Calheiros [presidente do Senado], que está alinhado com a Dilma.”
Além disso, diz Cássio, o povo “não se mostrou muito entusiasmado para
ir às ruas com o propósito de derrubar a Dilma e colocar o Michel no
lugar dela.”