Da Folha de S.Paulo - David Friedlander e Cátia Seabra
A
Receita Federal abriu uma ação para fiscalizar a movimentação
financeira do Instituto Lula, fundado pelo ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva após deixar o Palácio do Planalto. A Folha apurou que o
foco está no relacionamento da entidade com empresas que doaram recursos
para manutenção do instituto, especialmente as envolvidas na Operação
Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras. Nessa
categoria, aparecem empreiteiras como Odebrecht e Camargo Corrêa.
A
Receita quer checar a origem dos recursos destinados ao instituto, como
o dinheiro foi gasto e se essas contribuições foram declaradas, tanto
pelos doadores como pelo próprio instituto. A investigação nasceu a
partir de dados da área de inteligência da Receita, que colabora com a
Operação Lava Jato. Não há prazo para sua conclusão.
Embora
o instituto fique em São Paulo, a fiscalização foi aberta pela Demac
(Delegacia Especial de Maiores Contribuintes) do Rio de Janeiro.
Há
cerca de 20 dias, o instituto foi intimado a apresentar documentos
fiscais e informações contábeis. Tinha até o fim do ano para fazer isso.
Na tarde desta terça-feira (22), no entanto, o presidente do Instituto
Lula, Paulo Okamotto, esteve na Superintendência da Receita em São Paulo
para pedir a dilatação do prazo. À Folha, ele disse que não poderia
cumprir o cronograma fixado pela Receita por causa das festas de fim de
ano. Conseguiu mais 20 dias.
Essa
foi a segunda vez que o presidente do Instituto Lula foi à
superintendência do fisco em São Paulo para tratar do assunto. Semanas
atrás, ele esteve na sede da Receita Federal para se inteirar do
assunto. Okamotto nega que a ação seja um desdobramento da Lava Jato. "É
uma fiscalização normal. Querem saber se pagamos impostos direito",
afirma.
Como todo processo fiscal, a averiguação no Instituto Lula é sigilosa. Por isso, a Receita não quis se manifestar.