Blog do Kennedy
Terá de pagar pedágio ao mercado para conquistar confiança
A
desconfiança dos agentes econômicos em relação a Nelson Barbosa tem
razão de ser. Ela acontece em função do que foi feito pelo novo ministro
da Fazenda quando ele pertenceu à equipe econômica do primeiro mandato e
pelas brigas que travou com o antecessor, Joaquim Levy, ao longo deste
ano.
Nos
discursos de ontem, Nelson Barbosa e a presidente Dilma Rousseff
tentaram transmitir a ideia de continuidade na política econômica. Ou
seja, que não haveria mudança em relação ao que fazia Levy. Ora, isso é
falso.
Se
o governo acreditasse em continuidade, não teria derrubado Levy. Hoje,
podem ser discutidos os motivos da saída, se Levy falhou com um ajuste
que não conseguiu implementar, se ele foi duro demais, se a presidente o
enfraqueceu com seus titubeios e vaivéns ou se é uma mistura dessas
variáveis. Mas uma coisa é fato: Barbosa pensa diferente de Levy e soa
falso tentar vendê-lo como solução de continuidade, porque ele não é.
Isso
explica a desconfiança do mercado. Ora, quando um ministro da Fazenda
fala com investidores para tranquilizá-los, o resultado esperado é uma
melhora das expectativas econômicas. Aconteceu o contrário ontem após uma conferência de Barbosa com investidores estrangeiros. O dólar subiu. A Bolsa caiu.
Barbosa
vai precisar de atos e não de palavras para conquistar a confiança dos
agentes econômicos. Barbosa precisará surpreender, como disse a
presidente Dilma a aliados na confraternização de ontem no Palácio da
Alvorada. Enquanto isso não acontecer, a desconfiança continuará.