O presidente do Conselho de Ética, José Carlos Araújo (PSD-BA),
reagiu com indignação, hoje, ao recurso do presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), pedindo à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que
anule o trâmite do processo disciplinar no colegiado.
"Ele (Cunha) quer acabar com o Conselho de Ética. Na verdade, ele
quer tirar o presidente, os vice-presidentes, ele quer tirar o outro
relator, quer tirar tudo. Ele pode tudo, esse que é problema. Essas
coisas não podem continuar nessa Casa dessa forma", reclamou Araújo.
O presidente do Conselho disse que, mesmo com os recursos favoráveis a
Cunha e aptos à votação na CCJ, o colegiado seguirá seu trâmite normal.
A previsão é que vença em 10 de fevereiro, quarta-feira de Cinzas, o
prazo para a entrega da defesa formal do peemedebista.
Caso o pedido de Cunha seja acolhido pela CCJ, Araújo estuda a
possibilidade de recorrer ao plenário, mas ainda não está claro o que
pode ser feito para evitar que o processo volte à estaca zero. "No
plenário a coisa é outra", prevê Araújo.
Hoje, a CCJ não conseguiu apreciar o recurso do deputado Carlos Marun
(PMDB-MS) contra a não concessão de vista ao relatório preliminar de
Marcos Rogério (PDT-RO) pela admissibilidade do processo por quebra de
decoro parlamentar. Adversários de Cunha não marcaram presença na sessão
e não houve quórum sequer para abrir os trabalhos.
Na avaliação de Araújo, "caiu a ficha" dos deputados de que o
peemedebista queria usar a comissão para manobrar. "Eles não querem
compactuar com isso", comentou.