Do UOL
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse, hoje, que a
presidente Dilma Rousseff (PT) "mentiu à nação em rede de televisão" ao
negar ter havido barganha.
Ontem, o presidente da Câmara acolheu o principal pedido de
impeachment protocolado na Câmara por partidos da oposição contra a
presidente. A abertura do processo de impeachment ocorreu no mesmo dia
em que deputados do PT anunciaram que votarão contra o peemedebista no
Conselho de Ética da Câmara, onde ele é investigado por suposta
participação no escândalo da Lava Jato.
Após o acolhimento do pedido, Dilma fez pronunciamento em que disse
que "nunca fez barganha". "Nos últimos tempos, a imprensa noticiou que
haveria interesse na barganha dos votos de membros da base governista no
Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em troca, haveria o
arquivamento dos pedidos de impeachment. Eu jamais aceitaria quaisquer
tipos de barganha, muito menos aquelas que atentem contra o
funcionamento das livres instituições democráticas deste país", disse a
petista.
"A presidente ontem mentiu à nação quando disse que não autorizava
qualquer barganha. A barganha veio, sim, veio proposta pelo governo e eu
recusei a barganha", declarou o peemedebista.
Segundo o presidente da Câmara, o ministro da Casa Civil Jaques
Wagner levou o deputado André Moura (PSC-SE), aliado de Cunha, a uma
audiência com Dilma na qual foi proposta a troca do apoio pela aprovação
da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras) pelos
três votos de deputados do PT no Conselho de Ética, que analisa a
cassação de Cunha. O governo tem interesse em aprovar a CPMF para ajudar
no chamado ajuste fiscal, pacotes de medidas para diminuir o rombo nas
contas públicas.
Ele também negou que a abertura do processo de impeachment seja
resultado de "chantagem" com o Palácio do Planalto. "Não quero agredir a
presidente. A decisão [de acatar o impeachment] é factual, é concreta,
tem tipificação clara."