Repercutiu com muito destaque nos sites dos principais jornais da
Europa, hoje, a abertura de um pedido de impeachment contra a presidente
Dilma Rousseff, aprovado pelo presidente da Câmara dos Deputados do
Brasil, Eduardo Cunha. A maioria dos diários defendeu a chefe de Estado e
se posicionou contra a possibilidade de Dilma deixar o cargo.
Para o jornal espanhol El País, o processo vai mergulhar o país ainda
mais na incerteza e no desgoverno. "A crise política que se apoderou do
Brasil, além das contínuas e quase diárias revelações de corrupção de
deputados, banqueiros e empresários, repercute automaticamente na já
agonizante economia", publica.
Já o diário francês Le Monde diz que o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, agiu por vingança pessoal: "Membro do PMDB, principal aliado do
governo na coalizão governamental, Cunha está envolvido no escândalo de
corrupção da Petrobras. A justiça também descobriu diversas contas na
Suíça cujos beneficiários seriam ele e sua família. Sua última esperança
residia no apoio do PT, que ele fazia de refém ameaçando com o processo
de impeachment".
Para o vespertino, o lançamento do impeachment vai agravar uma crise
política e econômica na qual o Brasil se afunda a cada dia mais. "A
crise econômica alimenta a tensão social e a insatisfação da opinião e
reforça a crise política e institucional, incendiando as posições de uns
e outros. O conflito de poder entre o executivo e o legislativo atrasa a
resposta à recessão e tende a aprofundar e prolongar", escreve Le
Monde.
O britânico The Guardian diz que a presidente Dilma começou a luta
pela sua sobrevivência política no primeiro processo de impeachment no
país em mais de 20 anos. O jornal destaca a reação indignada da chefe de
Estado em relação à decisão de Cunha. The Guardian diz que talvez Dilma
tenha votos para se manter no cargo, mas a batalha entre duas grandes
lideranças políticas vai piorar o cenário de um país que enfrenta a pior
recessão desde a Grande Depressão, nos anos 1930.
O italiano Corriere della Sera escreve que o caminho para a
destituição da presidente está livre. Além do crime de responsabilidade
fiscal, o diário italiano indica que a denúncia também é de desvio de
recursos públicos para a campanha presidencial do ano passado. Segundo o
diário, o processo será longo e complexo.