quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Jornais europeus apostam na permanência de Dilma




Repercutiu com muito destaque nos sites dos principais jornais da Europa, hoje, a abertura de um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, aprovado pelo presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Eduardo Cunha. A maioria dos diários defendeu a chefe de Estado e se posicionou contra a possibilidade de Dilma deixar o cargo.
Para o jornal espanhol El País, o processo vai mergulhar o país ainda mais na incerteza e no desgoverno. "A crise política que se apoderou do Brasil, além das contínuas e quase diárias revelações de corrupção de deputados, banqueiros e empresários, repercute automaticamente na já agonizante economia", publica.
Já o diário francês Le Monde diz que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, agiu por vingança pessoal: "Membro do PMDB, principal aliado do governo na coalizão governamental, Cunha está envolvido no escândalo de corrupção da Petrobras. A justiça também descobriu diversas contas na Suíça cujos beneficiários seriam ele e sua família. Sua última esperança residia no apoio do PT, que ele fazia de refém ameaçando com o processo de impeachment".
Para o vespertino, o lançamento do impeachment vai agravar uma crise política e econômica na qual o Brasil se afunda a cada dia mais. "A crise econômica alimenta a tensão social e a insatisfação da opinião e reforça a crise política e institucional, incendiando as posições de uns e outros. O conflito de poder entre o executivo e o legislativo atrasa a resposta à recessão e tende a aprofundar e prolongar", escreve Le Monde.
O britânico The Guardian diz que a presidente Dilma começou a luta pela sua sobrevivência política no primeiro processo de impeachment no país em mais de 20 anos. O jornal destaca a reação indignada da chefe de Estado em relação à decisão de Cunha. The Guardian diz que talvez Dilma tenha votos para se manter no cargo, mas a batalha entre duas grandes lideranças políticas vai piorar o cenário de um país que enfrenta a pior recessão desde a Grande Depressão, nos anos 1930.
O italiano Corriere della Sera escreve que o caminho para a destituição da presidente está livre. Além do crime de responsabilidade fiscal, o diário italiano indica que a denúncia também é de desvio de recursos públicos para a campanha presidencial do ano passado. Segundo o diário, o processo será longo e complexo.