A
denúncia contra o deputado Eduardo Cunha, acusado de corrupção e
lavagem de dinheiro, foi manchete de todos os portais brasileiros nesta
quinta. Ou melhor, de quase todos. No portal evangélico "Fé em Jesus", a
principal notícia era outra: "Eduardo Cunha fala sobre análise de
contas de ex-presidentes".
O
site está registrado em nome da empresa Jesus.com e oferece serviços
como o "Jesus Tube", o "Jesus DJ" e o "Jesus Mail". A firma pertence ao
presidente da Câmara e à sua mulher, a jornalista Cláudia Cruz.
O
"Fé em Jesus" é um dos oito endereços da Jesus.com na rede. Como pessoa
física, Cunha detém nada menos que 284 domínios. O latifúndio virtual
integra um plano imodesto, anunciado pelo deputado, de "criar um mundo
evangélico na internet".
Os
endereços comprados pelo peemedebista deixam claro o seu interesse em
lucrar com a fé alheia. Entre os domínios, estão shoppingjesus.com.br,
compracrente.net.br, jesuschat.com.br e fenodesconto.net.br.
Cunha
também registrou endereços que misturam o nome de Jesus aos de portais
famosos, como facebookjesus.com.br, facejesusbook.com.br, e
jesusgoogle.com.br. Se os donos das marcas quiserem explorá-las, terão
que negociar com ele.
Nesta
terça, o Ministério Público revelou que o investimento em sites é
apenas a face mais visível das transações do deputado com a fé cristã.
De
acordo com a denúncia oferecida ao STF, parte da propina do petrolão
foi paga em "transferências para Igreja Evangélica, a pedido de Eduardo
Cunha". O lobista Júlio Camargo, que delatou o presidente da Câmara,
repassou R$ 250 mil à Assembleia de Deus em Madureira.
O
Ministério Público diz que a vinculação do deputado com a igreja é
notória porque ele frequenta cultos de um de seus líderes, Abner
Ferreira. Se acessarem o "Fé em Jesus", da Jesus.com, os procuradores
encontrarão ligações mais fortes. Abner, o pai e o irmão, também
pastores, são colunistas do portal de Cunha.