Temendo
um ataque do presidente da Câmara, o governo comemora discretamente a
denúncia de Janot. Na avaliação do Palácio do Planalto, o
enfraquecimento de Cunha também enfraquecerá a tese de impeachment da
presidente Dilma Rousseff. Já a oposição vê um grande aliado perder
força justamente numa hora em que contava com ele para tentar derrubar
Dilma.
O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, fez uma reconstituição da
cena do crime e dos caminhos da propina ao apresentar denúncia ao STF
(Supremo Tribunal Federal) contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ). Cunha nega as acusações.
A
denúncia contra Cunha é consistente. Não se baseou apenas nas palavras
de Júlio Camargo, lobista e delator da operação Lava Jato.
Os
investigadores obtiveram provas de uma reunião do presidente da Câmara
com Júlio Camargo e com Fernando Baiano, que está preso em Curitiba e é
acusado de ser lobista do PMDB na Petrobras. No encontro, em setembro de
2011, eles trataram de uma propina de US$ 5 milhões para o
peemedebista. Há registros de ligações telefônicas e informações sobre o
local, o dia e a hora dessa reunião.
Também
foram apresentados depósitos feitos para uma igreja evangélica
frequentada por Cunha que teria sido usada para lavagem de dinheiro. Os
investigadores obtiveram movimentação financeira que aponta o caminho da
propina.
Janot
diz que Cunha apresentou várias versões para justificar requerimentos
que teriam sido usados para pressionar uma empresa e um lobista a pagar
propina.
O
efeito político da denúncia do procurador-geral é demolidor para Cunha.
Será difícil ele se sustentar na presidência da Câmara. Cunha é o
primeiro presidente da Casa a ser denunciado ao STF (Supremo Tribunal
Federal) no pleno exercício do cargo.
Por
ora, Cunha é o político mais importante atingido pela Operação Lava
Jato. Além de negar as acusações da Procuradoria Geral da República, ele
promete resistir no cargo