A prisão do principal executivo e dono da
Odebrecht na sexta-feira já se reflete nos negócios com os papéis da
dívida externa da empresa. A média diária do volume de negócios com os
bônus da Odebrecht está cinco vezes maior do que vinha registrando nos
15 dias anteriores à prisão de Marcelo Odebrecht. Além disso, os papéis
chegaram a cair 9,5%, ontem, no pico de baixa do dia.
Dados repassados por operadores do mercado de renda fixa mostram que
os negócios com bônus da Odebrecht somaram ontem US$ 14 milhões contra
uma média de US$ 2,7 milhões que vinha sendo registrada. Isso significa
que cresceu em cinco vezes as compras e vendas do papel. Já os títulos
da Andrade Gutierrez ficaram praticamente estáveis ontem, depois de
terem perdido 15% do valor na sexta-feira.
Os volumes acima da média e a queda dos papéis expressam a
preocupação dos investidores com os desdobramentos da prisão de
Odebrecht. Os investidores temem a perda do grau de investimento que
representa uma nota de crédito de alta confiança na empresa. Mas também
estão apreensivos quanto a possíveis multas a serem pagas pela companhia
e à falta de acesso ao crédito e a novos contratos que podem afetar sua
capacidade de pagamento da dívida externa, segundo profissionais do
mercado secundário de dívida externa.
"Os investidores começam a ficar preocupados com o impacto das
investigações daqui em diante na atividade da empresa no Brasil e no
exterior e em sua capacidade de pagamento, por consequência", disse o
vice-presidente de renda fixa da INTL FCStone, Rodrigo Steiner. Ele
lembra que a companhia tem muitas operações no exterior e que os eventos
aumentam o risco de comprometimento da imagem da empresa também fora do
Brasil.