Marqueteiros,
publicitários, colunistas da mídia nacional e cientistas políticos
atribuíram a boa performance da ex-senadora Marina Silva (PSB) na
pesquisa do Datafolha ao impacto da tragédia provocada pela morte do
ex-governador Eduardo Campos.
Mas
Marina conquistou na eleição passada 20 milhões de votos, fantástico
capital eleitoral e antes mesmo de vir a compor a chapa de Eduardo como
vice já aparecia bem melhor situada, a única capaz de levar o pleito ao
segundo turno. A comoção popular deve ter pesado, claro, porque abalou o
País e Marina se apresenta como a sucessora natural de Eduardo.
Marina
é o fato novo da corrida presidencial, conta a favor a sua trajetória, a
sua origem simples e de família pobre do seringal da Amazônia, e agora o
legado de Eduardo dá a ela o tempero emocional de uma campanha que pode
mexer com o coração de muita gente.
Como
Eduardo, Marina representa a tentativa de quebrar uma velha polarização
entre PT e PSDB com a consolidação da chamada terceira via. Diferente
de Eduardo, Marina não amplia. Ela tem dificuldades de agregar apoios no
campo partidário e em setores importantes do segmento empresarial, como
o agronegócio.
Se
continuar refratária como se comportou até então, quem deve sair
lucrando é o candidato tucano Aécio Neves, que já se compôs com partidos
de direita, como o PP, no Rio Grande do Sul. Como sua principal
plataforma está sustentada na nova política, não haverá mudanças em sua
postura política.
Indo
ao segundo turno como mostra o Datafolha, onde já ganha de Dilma,
Marina terá que rever conceitos, porque Aécio estará no seu palanque e
com ele políticos que Eduardo queria aposentar.
A ESQUECIDA–
O ato da Frente Popular, ontem no Recife, o primeiro após a morte do
ex-governador Eduardo Campos, foi centrado exclusivamente em cima da
necessidade de reforçar a campanha do candidato a governador, o
ex-secretário da Fazenda, Paulo Câmara. Por isso, ninguém sequer
lembrou-se em tocar no nome de Marina Silva, nem mesmo o presidente
nacional da legenda, Roberto Amaral.
Idiotice ou conspiração? –
Por mais que diga o contrário, Roberto Amaral, sucessor de Eduardo no
comando nacional do PSB, não consegue disfarçar que não morre de amores
por Marina. Irritado com as versões de que não deseja Marina no páreo, o
que até as paredes da sede do partido em Brasília sabem, Amaral chamou
de idiotas os que noticiam que conspira contra Marina.
Em público–
No seu primeiro compromisso público, ontem, após a morte do marido, a
ex-primeira dama Renata Campos chegou ao local do ato promovido pela
Frente Popular acompanhada de um batalhão de jornalistas, mas não deu
entrevista. As chances de ela aceitar um desafio para ser a vice de
Marina quase não existem, apesar da torcida do cunhado Antônio Campos.