O resultado da pesquisa
Datafolha desta segunda-feira (19), encomendada pelo jornal Folha de
S.Paulo, vai obrigar tanto o PT quanto o PSDB a fazerem mudanças em suas
campanhas presidenciais. Até aqui, os dois trocavam ataques e tentavam
gestos cordiais em direção a Eduardo Campos, na expectativa de contar
com o apoio do socialista no segundo turno. Agora, tudo mudou. A entrada
de Marina Silva na disputa ameça tanto Aécio Neves quanto Dilma
Rousseff.
Diante desse novo cenário, em que Marina é a principal adversária dos dois – porque tira Aécio do primeiro turno e derrotaria Dilma no segundo –, a dúvida que fica é quem vai atacar primeiro: o PT ou o PSDB.
Em meio à comoção no país
provocada pela morte trágica e precoce de Eduardo Campos, é de se
esperar uns dias de trégua. Mas, ao final disso, os ataques serão
fortes.
Na eleição de 2010, o PT
mirou no lado mais conservador de Marina Silva. É o que pode se repetir
agora. Afinal, segundo essa pesquisa, Marina conseguiu conquistar grande
fatia do eleitorado que está descrente com a política e não queria
votar em ninguém ou anular o voto. Caiu o contingente dos não votantes –
de 27% para 17% dos eleitores, segundo o DataFolha. A pesquisa mostra
ainda que não alterou o contingente de eleitores de Dilma (36%) nem o de
Aécio (20%).
Para o PSDB, o ponto fraco a
mirar em Marina é sua capacidade de gestão. Esta era uma das marcas de
Eduardo Campos pela experiência como governador de Pernambuco. Não é o
caso de Marina. Pode ser um flanco a ser atacado. Esta é uma preocupação
do PSB na composição da chapa. Há um grupo que gostaria de ver um vice
que garantisse na chapa este compromisso que era de Eduardo com a gestão
das políticas públicas.
De sua parte, Marina segue
calma e sem cometer erros. Desde a notícia do acidente com o avião em
que estava Eduardo Campos, ela adotou um comportamento discreto. No
primeiro instante, fez uma declaração em favor de Eduardo e se recolheu.
Depois de uma manifestação pública da família (feita, inicialmente,
pelo irmão Antonio e depois pela viúva Renata Campos em conversa com
ela), Marina passou a admitir entrar na disputa. Mas só se pronunciou
para o presidente do partido, Roberto Amaral.
A partir do velório, ela
passou a falar nos compromissos de Eduardo Campos que deveriam ser
preservados. Com isso, ela amplia o próprio discurso para não se tornar
uma candidata temática, que falasse apenas de sustentabilidade. Assim,
ela vai construindo o discurso de sua candidatura. No momento em que o
candidato a vice for formalmente anunciado, ela já terá incorporado o
discurso do PSB.
E os adversários vão
procurar incoerências e defeitos para tentar mudar o retrato da pesquisa
desta segunda-feira. Até aqui, eles dizem que a pesquisa está
contaminada pela emoção provocada pela morte de Eduardo Campos.