Sem êxito - O ministro negou a existência de qualquer parceria entre sua filha e advogados da JBS (Roberto Jayme/ASICS/TSE)
E-mail mostra que advogada da empresa enviou proposta a Anna Carolina Noronha, filha de João Otávio Noronha, em envelope branco
VEJA – Rodrigo Rangel e Daniel Pereira
Há
duas semanas, VEJA revelou mensagens em que advogados da JBS traçavam
estratégias que sugeriam negociação de sentenças em tribunais
superiores. Em um dos casos relatados, o diretor jurídico do grupo,
Francisco de Assis e Silva, combinava com a advogada Renata Araújo,
contratada pela empresa para atuar nos processos em curso nas cortes de
Brasília, os detalhes de uma proposta a ser feita a Anna Carolina
Noronha, a Ninna, advogada e filha do ministro João Otávio Noronha, um
dos mais antigos integrantes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o
atual corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O ministro tinha
em mãos um processo milionário de interesse do conglomerado.
Nas
mensagens ficava acertado que eles fariam uma proposta financeira pela
ajuda de Ninna: 100.000 reais mais 1% do valor da causa se houvesse
êxito. Ouvido, João Otávio Noronha, que chegou a proferir uma decisão
contra o pleito da JBS, rechaçou qualquer possibilidade de parceria
entre sua filha e a advogada Renata.
De
um conjunto de documentos em poder do Ministério Público Federal,
surgiu outra evidência de que, no mínimo, a proposta financeira foi
feita à filha do ministro. VEJA teve acesso a um e-mail de dezembro de
2015 no qual Renata Araújo deixa claro que já havia conversado com Ninna
Noronha sobre dois processos, fixa os valores que ela receberia em caso
de sucesso e expõe o método que seria utilizado para manter tudo isso
em segredo.
Procurada,
Anna Carolina Noronha negou ter atuado em processos relatados pelo pai
ou feito qualquer parceria com a advogada Renata Prado.