Com mudança de domicílio eleitoral, ela pode enfrentar Aécio Neves novamente
O Globo – Eduardo Bresciani
O Globo – Eduardo Bresciani
Dirigentes
petistas desejam que a ex-presidente Dilma Rousseff altere seu
domicílio eleitoral e dispute as eleições de 2018 como candidata ao
Senado em Minas Gerais. A mudança teria de ocorrer até o dia 7 de
outubro deste ano, pelo calendário eleitoral. Entre os argumentos, está a
vitória que Dilma teve na disputa presidencial de 2014 naquele estado
enfrentando Aécio Neves (PSDB), titular de uma das duas vagas no Senado
que está em disputa e que ainda não decidiu se buscará a reeleição.
Atualmente, a ex-presidente tem domicílio eleitoral no Rio Grande do
Sul.
A
ida de Dilma para Minas foi defendida ao GlLOBO por petistas mineiros e
gaúchos, além de outros integrantes da executiva do partido. Petistas
afirmam que teria aumentado a disposição dela de disputar uma vaga de
senadora, mas ela ainda resiste a alterar o domicílio eleitoral.
A
ex-presidente enfrentaria dificuldades no Rio Grande do Sul. O senador
Paulo Paim (PT) é titular de uma das vagas em disputa e é tido como um
candidato forte para a reeleição. Ocupar a outra vaga ao Senado com
Dilma na chapa dificultaria para o PT a composição com outras forças
políticas para a disputa no estado. Além disso, a ex-presidente não
aparece em boa posição nas pesquisas em que seu nome foi testado.
Em
Minas, porém, diversos fatores positivos se aglutinariam. Pesquisa
feita recentemente indica uma viabilidade maior da candidatura. A
possibilidade de ter um novo enfrentamento direto com Aécio poderia
motivar a militância. Em 2014, Dilma venceu o segundo turno em Minas com
uma diferença de 550 mil votos. Além disso, ela disputaria a eleição
tendo um amigo na chapa, o atual governador Fernando Pimentel, que deve
buscar a reeleição. Um dos principais aliados de Pimentel, o deputado
estadual Rogério Correia destaca o desejo da mudança entre os mineiros.
- O PT nunca elegeu um senador aqui em Minas. Para nós seria uma honra tê-la como candidata – afirmou Correia ao GLOBO.
Dilma
nasceu em Minas Gerais e morou em Belo Horizonte até a juventude,
quando foi perseguida e presa na ditadura militar. Ela partiu depois
para Porto Alegre, onde se estabeleceu e fez carreira política atuando
como secretária na prefeitura e no governo estadual. Dilma, porém, nunca
chegou a disputar um cargo eletivo no estado.
Diante
das dificuldades do cenário gaúcho, chegou-se a cogitar no PT uma
mudança do domicílio da ex-presidente para o Rio. A mãe de Dilma tem um
apartamento na capital fluminense e a ex-presidente tem se dividido
entre a cidade e Porto Alegre. Essa ideia, porém, não avançou porque
Lindbergh Farias é titular de uma das vagas em disputa para o Senado e
ainda não decidiu se partirá para a reeleição.
A
ex-presidente só poderá ser candidata em 2018 porque o Senado decidiu
fatiar a votação do impeachment no ano passado. Assim, ela permaneceu
habilitada a ocupar cargos públicos e disputar eleições, diferente do
que ocorreu com Fernando Collor em 1992. A ideia de uma candidatura
passou a ser cogitada com o passar do tempo e no PT há a avaliação de
que a eleição dela para o Senado seria importante para reforçar o
discurso do partido de que o impeachment teria sido um “golpe”.