segunda-feira, 5 de junho de 2017

Defesa: prisão de Loures é desnecessária e critica delações



Defesa de Loures diz que prisão é 'desnecessária' e critica acordos de delação.  Em entrevista ao 'Fantástico', Cezar Bitencourt chamou ato de 'antecipação de condenação' e disse que vai recorrer da decisão nesta segunda (5). Loures está preso em uma cela da PF em Brasília.


Por Camila Bomfim, TV Globo, Brasília

O advogado do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), Cezar Bitencourt, disse, em entrevista ao "Fantástico" neste domingo (4), que a prisão do ex-assessor do presidente Michel Temer é "desnecessária".
Bitencourt também criticou os acordos de colaboração premiada celebrados pelo Ministério Público e disse que o cliente não fará delação. O advogado afirmou ainda que nesta segunda (5) entrará com um recurso contra a prisão.
Rocha Loures foi preso neste sábado (3) em BrasíliaEle está em uma cela de 9 metros quadrados na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal.
O ex-assessor de Temer é suspeito de cometer os crimes de organização criminosa, corrupção passiva e obstrução de Justiça. Em março, ele foi flagrado pela PF recebendo em São Paulo uma mala com R$ 500 mil. Segundo delações de executivos da JBS no âmbito da Operação Lava Jato, o dinheiro era a primeira parcela de uma propina que seria paga por 20 anos.
A prisão de Rocha Loures foi solicitada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e autorizada pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin.
Na decisão, Fachin afirma considerar "imprescindível" a prisão do ex-deputado e chama de "gravíssima" a conduta do ex-assessor de Temer.
"É absolutamente denscessária a prisão. Não foi demonstrada essa necessidade. Ele [Rocha Loures] não é mais deputado, ele não é mais assessor do presidente, não tem mais o espaço, a circunstância que tinha", declarou Bitencourt.
"É uma antecipação da condenação. Não tem nenhum fato novo, não tem nenhum fundamento", acrescentou.
Nesta segunda (5), Loures deve prestar depoimento à PF e, em seguida, deve ser transferido para a penitenciária da Papuda, a 30 quilômetros do centro de Brasília.
Críticas a delações
Na entrevista, Bitencourt disse também que o cliente não fechará delação premiada e criticou os acordos celebrados pelo Ministério Público e homologados pelo STF, citando as delações dos donos do grupo JBS.
"Significa dizer: o crime compensa. Rouba bastante, rouba bilhões, pega o teu jato e vai embora. Então, digamos assim, os bons ladrões têm impunidade com o beneplácito do procurador-geral da República", disse.
Temer recebe ministros e advogado
Em Brasília, o presidente Michel Temer, que também é alvo de investigação com base nas delações da JBS, recebeu aliados no Palácio do Jaburu, onde mora.
Os ministros tucanos Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Bruno Araújo (Cidades) estiveram no Jaburu. Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) também se reuniu com Temer.
Na pauta, estava o julgamento da ação que pede a cassação da chapa que o peemedebista compôs com Dilma Rousseff nas eleições de 2014.
O Tribunal Superior Eleitoral começa a julgar o caso na próxima terça-feira (6). O resultado do julgamento é decisivo para a sobrevivência de Temer no Palácio do Planalto.
O PSDB, principal partido da base de Temer e autor da ação que pede a cassação da chapa, avalia desembarcar do governo caso o resultado do julgamento seja desfavorável ao peemedebista.
À noite, o presidente recebeu o advogado Gustavo Guedes, que defende Temer no TSE. Eles avaliaram os cenários do julgamento e debateram os impactos da prisão de Rocha Loures no caso.