O mês de agosto está sendo de contratempos e dissabores para a
presidente Dilma Rousseff que, ontem, tomou um café amargo ao analisar
os números da pesquisa do Instituto Datafolha que a colocam num patamar
invejável: pior do que o ex-presidente Fernando Collor de Melo no ápice
da crise do seu afastamento.
Além dos números adversos outra notícia ruim: PTB e PDT em deixaram a
base de apoio parlamentar no Congresso. Os dois partidos entram em uma
linha de independência política, embora mantenham os Ministérios do
Desenvolvimento Econômico (PTB) e do Trabalho (PDT). Deputados das duas
siglas, mesmo como integrantes do grupo aliado, chegaram a votar contra à
orientação do Governo Dilma.
O líder do PDT, André Figueiredo, entrou em conflito com o líder do
Governo na Câmara Federal, José Nobre Guimarães, e o acusou de atitudes
desrespeitosas com os aliados. “O PDT é o único partido que manifesta
previamente a forma como vai votar. E não aceita mais ser chamado de
traidor ou infiel. Isso é desrespeitoso com a nossa história’’, disse
Figueiredo.
Guimarães chegou a afirmar que os aliados infiéis poderiam perder
posições (cargos) na administração federal. Segundo Figueiredo, o PDT
decidirá quanto à permanência do ministro Manoel Dias no Governo. “Os
próximos passos serão dados em comum acordo com a Executiva do partido e
com a bancada do Senado”, assinalou.
Os senadores, segundo ele, devem acompanhar a decisão. “O processo
tende a evoluir com a entrega dos cargos no Governo. Não creio que essa
decisão demore. O Ministério é da presidente Dilma, que pode
perfeitamente dizer que não deseja que a pasta fique nas mãos do
ministro do PDT’’, observou.
O PTB, também, rompeu com o Governo e, embora com cargos na
administração federal, terá atuação de independência, segundo o líder da
bancada, Jovair Arantes (GO). Hoje, o PTB integra um bloco liderado
pelo PMDB e integrado por legendas como PP e PSC. Arantes comunicou ao
líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), sua disposição de requerer o
desligamento do PTB desse bloco.
Fez isso “para dar conforto” aos colegas, já que os petebistas
decidiram aprovar, por unanimidade, a proposta combatida pelo Planalto.
Arantes afirmou que só se manteve no bloco encabeçado pelo PMDB porque
Picciani lhe informou que também encaminhará o voto a favor das
propostas consideradas “pautas-bombas” pelo Governo.
COTA PESSOAL– A posição do PTB de se distanciar do
Governo não atinge o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro. Sua
presença na Esplanada dos Ministérios não é cota partidária, mas uma
escolha pessoal da presidente Dilma. Tão logo foi empossado, aliás,
Armando chegou a tentar se abrigar em outro partido, fazendo junções
especialmente no PSD, mas o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, já
havia entregue o controle do partido no Estado ao secretário de Cidades,
André de Paula.