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Primeiro gesto de líder
Na conversa de Lula com o governador Paulo Câmara, ontem em São
Paulo, antecipada por este blog logo cedo, o ex-presidente se
comprometeu a ajudar o Governo pernambucano na medida do possível, mas
também há uma moeda de troca muito perceptível.
Com a base deteriorada no Congresso, a presidente Dilma precisa dos
votos da bancada do PSB no Congresso para aprovar projetos de interesse
da Nação. O partido tem 34 deputados na Câmara e seis senadores, número
que pode decidir qualquer votação apertada nas duas Casas.
O Governo atravessa uma fase de extrema dificuldade. Perdeu a eleição
para presidente da Câmara, o PT ficou sem um único representante na
mesa diretora e o PMDB, maior partido no Congresso, passa a ser
hegemônico no parlamento, controlando Câmara e Senado.
A reaproximação do PSB com o PT não envolve a barganha de cargos de
imediato, mas a abertura de um canal mais direto do governador com a
presidente. Nos oito anos em que governou o Estado, Eduardo Campos
contou com o efetivo apoio de Lula e Pernambuco atraiu grandes
investimentos.
Mas o que era doce acabou. O tempo das vacas magras se instalou no
Estado depois do rompimento do PSB com o PT em 2012, quando Eduardo, até
então o governante mais popular do País, lançou a candidatura de
Geraldo Júlio e tirou o PT do poder na Prefeitura do Recife, que já se
perpetuava por 12 anos.
No poder, eleito no primeiro turno, Paulo Câmara governa com
dificuldades, sem o apoio da União. Desde que tomou posse tenta uma
audiência com a presidente e nem mesmo com o tamanho do abacaxi herdado
na crise do sistema prisional consegue sensibilizar Dilma para enfrentar
o problema em parceria.
Até o momento, aliás, a presidente não marcou a audiência solicitada
pelo governador desde os primeiros dias do seu mandato. Por onde tem
passado nos ministérios, de pires nas mãos, Câmara tem encontrado apenas
aparência de boa vontade, mas dinheiro da União, que é bom, não viu
ainda a cor.
Câmara precisava, entretanto, de construir pontes para o seu Governo e
a iniciativa de procurar Lula, conforme definiu com muita propriedade,
ontem, o cientista político Adriano Oliveira, foi seu primeiro grande
gesto de líder.
SAIU NA FRENTE– Quarta-feira, véspera do encontro de
Paulo Câmara com Lula, o senador Fernando Bezerra bateu um longo papo
com o ex-presidente por telefone quando ficou sabendo que o governador
estaria indo ao seu Instituto em São Paulo para uma conversa. Foi o
senador o primeiro líder do PSB a defender a reaproximação do PSB com o
PT em nível nacional. Na época, quase o céu desabou em sua cabeça.