sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

LULA SE ENCONTRA AS ESCONDIDAS COM O GOVERNADOR DE PERNAMBUCO



     Primeiro gesto de líder
Na conversa de Lula com o governador Paulo Câmara, ontem em São Paulo, antecipada por este blog logo cedo, o ex-presidente se comprometeu a ajudar o Governo pernambucano na medida do possível, mas também há uma moeda de troca muito perceptível.
Com a base deteriorada no Congresso, a presidente Dilma precisa dos votos da bancada do PSB no Congresso para aprovar projetos de interesse da Nação. O partido tem 34 deputados na Câmara e seis senadores, número que pode decidir qualquer votação apertada nas duas Casas.
O Governo atravessa uma fase de extrema dificuldade. Perdeu a eleição para presidente da Câmara, o PT ficou sem um único representante na mesa diretora e o PMDB, maior partido no Congresso, passa a ser hegemônico no parlamento, controlando Câmara e Senado.
A reaproximação do PSB com o PT não envolve a barganha de cargos de imediato, mas a abertura de um canal mais direto do governador com a presidente. Nos oito anos em que governou o Estado, Eduardo Campos contou com o efetivo apoio de Lula e Pernambuco atraiu grandes investimentos.
Mas o que era doce acabou. O tempo das vacas magras se instalou no Estado depois do rompimento do PSB com o PT em 2012, quando Eduardo, até então o governante mais popular do País, lançou a candidatura de Geraldo Júlio e tirou o PT do poder na Prefeitura do Recife, que já se perpetuava por 12 anos.
No poder, eleito no primeiro turno, Paulo Câmara governa com dificuldades, sem o apoio da União. Desde que tomou posse tenta uma audiência com a presidente e nem mesmo com o tamanho do abacaxi herdado na crise do sistema prisional consegue sensibilizar Dilma para enfrentar o problema em parceria.
Até o momento, aliás, a presidente não marcou a audiência solicitada pelo governador desde os primeiros dias do seu mandato. Por onde tem passado nos ministérios, de pires nas mãos, Câmara tem encontrado apenas aparência de boa vontade, mas dinheiro da União, que é bom, não viu ainda a cor.
Câmara precisava, entretanto, de construir pontes para o seu Governo e a iniciativa de procurar Lula, conforme definiu com muita propriedade, ontem, o cientista político Adriano Oliveira, foi seu primeiro grande gesto de líder.
SAIU NA FRENTE– Quarta-feira, véspera do encontro de Paulo Câmara com Lula, o senador Fernando Bezerra bateu um longo papo com o ex-presidente por telefone quando ficou sabendo que o governador estaria indo ao seu Instituto em São Paulo para uma conversa. Foi o senador o primeiro líder do PSB a defender a reaproximação do PSB com o PT em nível nacional. Na época, quase o céu desabou em sua cabeça.