sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
'Vitória dos ficha-sujas cria frustração geral', avalia cientista político
Ao confirmar na quarta-feira, 14, o cargo de senador para Jader Barbalho (PMDB-PA), o Supremo Tribunal Federal "gerou um sentimento de frustração na sociedade, deixando a impressão de que lutar não vale a pena", adverte o cientista político Marco Antonio Teixeira. Pouco antes de Jader, dois outros fichas-sujas já haviam obtido o direito de tomar posse no Senado - João Capibaribe (PSB-AP) e Cunha Lima (PSDB-PB).
A campanha pela Ficha Limpa entusiasmou milhares de pessoas, que acreditaram poder ajudar a melhorar a vida política, lembra Teixeira. "A lição que essas pessoas vão tirar é que o mundo político pertence a uma outra realidade. Muitos deles não aceitarão mais entrar em ações desse tipo no futuro".
Professor de Ciência Política na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, Teixeira vê, no episódio, vários aspectos negativos. O desânimo do eleitorado, o mau exemplo dos poderes Legislativo e Judiciário, a incerteza quanto às regras também nas eleições municipais de 2012. E se há um vilão nessa história, acrescenta, são os partidos. "Se eles fossem responsáveis e estivessem interessados na qualidade dos candidatos, o País nem precisaria de uma Lei da Ficha Limpa".
Qual o impacto das decisões do STF validando os cargos dos três senadores fichas-sujas?
Há um óbvio sentimento de frustração geral na sociedade. A Lei de Ficha Limpa nasceu dela, foi debatida e divulgada com entusiasmo. A meta era cobrar mais dos partidos, que só se interessam pelos tais puxadores de votos. Muitos políticos no Congresso aderiram à cruzada, tentando aprovar o projeto a tempo de vigorar já em 2010. A decisão do STF deixa tudo em suspenso.
Para muita gente o Supremo acabou ficando como o vilão da história. É justo?