A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse, hoje, ao citar
"desconfianças" com relação ao trabalho da procuradoria, que vai
"redobrar" o combate do órgão à corrupção.
Dodge discursou em um evento de comemoração ao dia internacional de
combate à corrupção. A procuradora-geral assumiu o cargo em setembro,
após o término do mandato do antecessor, Rodrigo Janot.
Dodge citou que tem ouvido "preocupações sinceras" sobre o trabalho
do Ministério Público na gestão dela. Ela disse que as dúvidas são
"autênticas", porque a sociedade brasileira é "marcada" pela corrupção.
“Nestes dois meses e meio de mandato, tenho ouvido preocupações
sinceras sobre o efetivo compromisso do MP, em minha gestão, contra a
corrupção. São indagações autênticas, verdadeiras e coerentes, algumas
carregadas de desconfianças e dúvidas que são em tudo compatíveis com a
leitura crítica da história brasileira, marcada por ondas sucessivas de
avanços e retrocessos no enfrentamento da corrupção", afirmou a
procuradora-geral.
Segundo Dodge, o Ministério Público percebeu que as muitas conquistas
do país no combate à corrupção ainda são "insuficientes" para deter a
prática criminosa.
"Para dizer de modo eloquente, vamos redobrar o esforço feito até o
momento contra a corrupção porque percebemos que o muito alcançado ainda
é o insuficiente para paralisar desvios e práticas ilícitas. As
práticas de corrupção continuam em curso", completou Dodge.
Pacto contra a corrupção
No evento, o Ministério Público Federal e o Conselho Nacional do
Ministério Público, além de outras entidades, assinaram um pacto contra a
corrupção. Segundo o acordo, os órgãos devem atuar de forma integrada
para combater esse tipo de crime nas esferas públicas e privadas.
A primeira iniciativa concreta do pacto é a criação de um comitê
permanente de cooperação entre as instituições com o objetivo de
prevenir e reprimir a corrupção eleitoral em 2018.
Dodge, será a presidente do comitê, que terá procuradores regionais
eleitorais de todo o país e coordenadores estaduais das Procuradorias
Eleitorais.
A iniciativa, segundo o MP, visa inibir práticas como o financiamento
ilícito de campanha, o caixa dois, a compra de votos, o abuso de poder
econômico e o uso da máquina administrativa.