sábado, 16 de dezembro de 2017

PF quer que Aécio explique elo com Sérgio Cabral


Folha de S.Paulo – Letícia Casado, Fábio Fabrini e Camila Mattoso

A Polícia Federal quer que osenador Aécio Neves (MG) explique que tipo de relação mantém com integrantes de escritório investigado na Lava Jato por integrar o esquema do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ).
Na casa do tucano, a PF apreendeu em maio, durante a operação Patmos, documento sobre a compra e venda de um imóvel pelo advogado José Antônio Velasco Fichtner, irmão do ex-secretário da Casa Civil do Rio Régis Fichtner, preso no mês passado, suspeito de receber propinas para Cabral. Os dois são sócios no escritório Andrade & Fichtner.
Os policiais encontraram na residência do congressista, em Brasília, uma procuração dada por José Antônio a uma de suas colegas na banca para adquirir, em 2010, um apartamento em Florianópolis (SC) e fazer pagamentos aos então proprietários, dois espanhóis, no exterior. O senador e o advogado são amigos.
Conforme certidão obtida pela Folha, o imóvel foi transferido quatro anos depois por José Antônio para a mãe do senador, Inês Maria, ao custo de R$ 500 mil.
No laudo sobre a apreensão, a PF diz que "chama atenção e desperta a suspeita de eventual ilícito" o fato de a procuração para o negócio de 2010 ter sido encontrada na casa do senador. Por isso, sustenta ser "oportuno" questioná-lo sobre o documento.
O apartamento, com 117 metros quadrados, fica na Lagoa da Conceição, região nobre da capital catarinense. Consultado pela reportagem, o advogado do senador, Alberto Toron, disse que o bem comprado por Inês Maria é usado por familiares.
A Folha apurou com a PF que as investigações sobre a relação de Aécio com integrantes do escritório estão em fase inicial. O senador ainda não depôs a respeito.
Conforme o MPF (Ministério Público Federal), a banca, alvo de buscas em 22 de novembro, recebeu "vultosas quantias" de empresas que foram beneficiadas por atos da Casa Civil na gestão de Régis Fichtner.
Logo após deixar o cargo, em 2014, Fichtner atuou no escritório e recebeu R$ 16 milhões em lucros.
O ex-secretário foi solto no início deste mês. Seu irmão e sócio, José Antônio, é amigo de Aécio há décadas. O senador foi padrinho de casamento do empresário Georges Sadala, preso na mesma ocasião que Régis Fichtner e que é considerado outro elo do tucano com Cabral.
Aécio e o ex-governador fluminense são amigos desde os anos de 1980, quando Cabral passou a fazer parte da juventude peemedebista, então liderada pelo neto de Tancredo Neves.
Naquela época, Cabral se casou com uma prima do senador, Susana Neves, da qual se divorciaria mais tarde.