Pesquisas
apontam Lula e Bolsonaro na liderança, mas intensifica-se a batalha
para achar um nome mais ao centro do leque ideológico, como Huck e
Meirelles
VEJA – Ana Clara Costa – Robson Bonin
Faltando
um ano para a eleição presidencial, dois nomes de extremos opostos
ocupam a liderança nas pesquisas: o ex-presidente Lula, que de repente
deu uma guinada à esquerda e aprofundou ainda mais seu discurso
divisionista de “nós” e “eles”, e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ),
ex-militar de ideias ultraconservadoras e discurso calibrado para o
insulto.
No
mais recente levantamento do Ibope, Lula tem 35% dos votos, contra 13%
de Bolsonaro. Entre um extremo e outro, há 52% do eleitorado, que não
sabe em quem votar, diz que votará em branco ou se divide entre vários
outros nomes.
Esses
eleitores, que se assustam com as opções mais radicais, são o motor da
busca mais frenética da política atual: a tentativa de encontrar um nome
situado mais ao centro do espectro ideológico, como ocorreu na França
com Emmanuel Macron, cuja campanha, em apenas um ano, saiu do nada para o
triunfo (veja entrevista com seu estrategista, Guillaume Liegey).
Nos
últimos dias, dois nomes que rondam as especulações para ocupar o
espaço entre os extremos apareceram até unidos numa chapa só.
O
apresentador Luciano Huck, que trabalha na Rede Globo, surgiu como
candidato a presidente, tendo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles,
como candidato a vice-presidente.
“Vice é até interessante”, brincou Meirelles, cuja intenção real é ocupar a cabeça de chapa, como adiantou em entrevista a VEJA.
“Sou
presidenciável”, confirmou. “Política social é importante como
complementação e distribuição de renda, mas não vai resolver o problema
social do Brasil. Estou preparado para enfrentar os discursos
populistas. Esse será o desafio do candidato de centro.”
Na
entrevista, cuja íntegra pode ser acessada no site de VEJA, o ministro
afirmou que, caso decida mesmo concorrer, não deixará a disputa mesmo
que Lula, seu antigo chefe, consiga manter sua candidatura apesar das
denúncias na Lava-Jato.
Meirelles
está certo de que o radicalismo de agora será superado, quando chegar a
hora da votação, por um nome de conciliação, de acomodação de
interesses diversos.