Mesmo moribundo, sem a grandeza que exibia no passado, principalmente
quando disputou o segundo turno da eleição presidencial contra Dilma em
2014 em condições de igualdade, tendo a petista vencido por uma
diferença mínima, o senador Aécio Neves reassumiu o comando do partido
por horas para apenas dar uma canelada no agora desafeto Tasso
Jereissati, que vai disputar à Presidência do partido contra o
governador de Goiás, Marconi Perillo.
O tucanato vive um racha que parece irreversível. De um lado, a
corrente de Aécio, que ainda parece majoritária, e de outro a de Tasso. O
primeiro, com a imagem deteriorada pelo afastamento do seu mandato pelo
Supremo, mesmo já tendo reassumido, quer manter o apoio da legenda ao
Governo Temer de qualquer jeito. Ele conta, além da maioria dos
deputados e senadores, com o apoio incondicional dos quatro tucanos que
ocupam cadeiras na Esplanada dos Ministérios.
Entre estes, o pernambucano Bruno Araújo, de Cidades, que tem sido um
aliado de primeira grandeza. Já Tasso, desde que assumiu a interinidade
da executiva nacional com o afastamento de Aécio, tem sido duro na
relação com o Governo Temer, chegando a defender o rompimento e a
entrega dos quatro ministérios. Por ele, o partido já estaria na
oposição e preparando um candidato ao Planalto em 2018.
Tasso e Aécio, que se davam bem no passado, viraram agora dois
desafetos. O encontro da última quinta-feira, quando culminou com o
afastamento do primeiro da presidência do partido, foi movido a ódio,
áspero, de uma agressividade nunca vista. Os bastidores que vazaram são
chocantes, de pessoas sem um mínimo grau de civilidade. A briga trará
consequências naturais nos Estados. Menos Pernambuco, onde o ministro
Bruno Araújo, com exceção da única voz dissidente do deputado federal
Daniel Coelho, já assumiu as rédeas, unificou o discurso e está
trabalhando pelo fortalecimento da legenda no Estado, com foco na
eleição do ano que vem.