Do G1
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato
na primeira instância, decretou a prisão preventiva do ex-gerente da
Transpetro, José Antônio de Jesus, na tarde de hoje. Ele foi preso
temporariamente na manhã da última terça-feira, na 47ª fase da operação.
Agora, com a prisão preventiva, não há prazo para José deixar a carceragem da Polícia Federal (PF).
Ele e os familiares são suspeitos de negociar o recebimento de R$ 7
milhões em propinas pagas pela empresa de engenharia NM em troca de
favorecimento em contratos com a subsidiária da Petrobras.
"Presentes riscos à ordem pública, pela gravidade concreta dos crimes
e também pelo risco de reiteração de condutas de ocultação e
dissimulação, e à aplicação da lei penal, pelo risco de dissipação do
produto do crime e de fuga, forçoso reconhecer a presença dos
fundamentos da prisão preventiva", escreveu Moro.
A força-tarefa da Lava Jato diz que há provas que indicam que o
ex-gerente recebeu suborno para favorecer a empresa em contratos com a
Transpetro.
Os contratos, relacionados às áreas de engenharia e dutos,
ultrapassavam o valor de R$ 1,5 bilhão, segundo a procuradora da
República Jerusa Burmann Viecili.
A procuradora disse ainda que ainda está sendo investigado quanto dos
R$ 7 milhões de propina foram destinados ao PT e quem seriam os
políticos beneficiados com o dinheiro.
Jerusa afirmou também que, até o momento, não há indícios de que o dinheiro das propinas foi usado em campanhas eleitorais.
Para ocultar a origem ilícita dos recursos, o valor foi pago por meio
de depósitos realizados em contas bancárias de terceiros e familiares
de José, vindo de contas da empresa de engenharia e/ou de seus sócios.
Segundo os procuradores, o ex-gerente teria pedido, inicialmente, o
pagamento de 1% do valor dos contratos da empresa com a Transpetro como
propina, entretanto, o acerto final ficou em 0,5%.
José Antônio se desligou da Transpetro recentemente, ainda de acordo com o MPF.
Bloqueio de bens
Moro ordenou o bloqueio dos ativos financeiros em contas e
investimentos bancários até o montante de R$ 10 milhões. A determinação
vale para Jesus, a mulher e dois filhos dele, entre outros investigados,
além de empresas.
“Não importa se tais valores, nas contas bancárias, foram misturados
com valores de procedência lícita. O sequestro e confisco podem atingir
tais ativos até os montantes dos ganhos ilícitos”, disse o juiz na
decisão em que autorizou o cumprimento dos mandados.
O outro lado
Em nota, o PT disse que "mais uma vez a Lava Jato busca os holofotes
da mídia para fazer acusações ao PT, sem apresentar fatos para comprovar
o que diz".
"A cada dia fica mais claro que os procuradores de Curitiba se
desviaram do combate à corrupção para fazer guerra judicial e midiática
contra o partido. O PT não tem qualquer participação nos fatos
investigados e tomará as medidas judiciais cabíveis diante das condutas
levianas e ilegais de quem acusa sem provas", diz o texto.
A Transpetro disse que vem apurando denúncias de irregularidades em
contratações da companhia envolvendo o ex-funcionário José Antônio de
Jesus.
"Todas as informações obtidas nas apurações foram encaminhadas ao
Ministério Público Federal e demais órgãos competentes. A Transpetro
reitera que é vítima nestes processos e presta todo apoio necessário às
investigações da Operação Lava Jato", informou.