Fisiologismo
Da Folha de S. Paulo
Por Talita Fernandes
O senador Aécio Neves (MG) rebateu neste sábado (11) as críticas feitas pelo senador Tasso Jereissati (CE) de que ele apoiava o "fisiologismo" ao defender a permanência do PSDB no governo do presidente Michel Temer.
"Não
posso aceitar agora essa pecha que alguns querem colocar de que a
presença do PSDB [no governo] é fisiológica. Ela não é", disse o mineiro
sem fazer menção direta ao autor das críticas.
"Quando
eu próprio aventei o nome do senador Tasso Jereissati para ao
Ministério do Desenvolvimento Econômico isso não era visto como algo
fisiológico", rebateu.
A
fala é uma resposta à declaração dada na véspera pelo senador cearense,
que acusou o mineiro de apoiar o "fisiologismo" do atual governo.
Aécio
disse que na montagem do governo Temer ele defendia que o PSDB apoiasse
sem participar, mas que as indicações do partido para os ministérios se
deu por decisão "majoritária" da sigla.
Os
tucanos ocupam atualmente quatro pastas na Esplanada: Secretaria de
Governo (Antonio Imbassahy), Relações Exteriores (Aloysio Nunes),
Cidades (Bruno Araújo) e Direitos Humanos (Luislinda Valois).
"No
momento das indicações todos foram levantados foram tratados pelo
partido como representantes legítimos do partido", lembrou.
Aécio
disse ainda que a decisão da legenda de entrar no governo Temer não se
deu por fisiologismo, mas por "responsabilidade", disse, repetindo que o
PSDB defende a agenda de reformas que o Palácio do Planalto vem
tentando implementar.
Ele
acusou ainda a ala do partido chamada de "cabeças pretas" - por ser
formada majoritariamente por políticos mais jovens - de buscar no
discurso de desembarque do governo uma desculpa para não votar a favor
de projetos como a Reforma da Previdência.
"Devo
registrar que vejo boa parte da discussão daqueles que estão com a
garganta pronta para gritar 'fora Temer' uma desculpa para não votar
agenda de reformas necessárias ao país", disse.
Ainda
sobre o desembarque do governo, Aécio afirmou que esse assunto deve ser
resolvido "rapidamente" pelos candidatos à presidência do partido junto
com os ministros tucanos.
"Esse
desembarque do governo que está se aproximando, tem de ser feito de
forma altiva, responsável, pela porta da frente como sempre entramos. E
não transformando isso em uma disputa artificial interna. É apequenar
muito se, em uma próxima convenção do partido, esta for a questão
central", disse o tucano.
DISPUTA
Na
última quinta-feira (9), Aécio reassumiu a presidência do partido para
destituir Tasso do cargo de interino. Em seu lugar, indicou o
ex-governador de São Paulo Alberto Goldman sob a argumentação de que
isso traria"isonomia" para a disputa pelo comando da sigla.
Aécio e Tasso têm travado uma batalha sobre a sucessão no partido e o apoio do PSDB ao governo.
O
partido define em 9 de dezembro seu próximo presidente, que deve ocupar
o cargo pelos próximos dois anos, inclusive no ano eleitoral.
O
gesto do mineiro irritou Tasso e seus aliados e agradou o governador de
Goiás, Marconi Perillo, que disputa com o senador cearense a
presidência do PSDB.
Aécio repetiu que fez a mudança com a mesma responsabilidade de quanto indicou Tasso ao cargo em maio.
Ele
se licenciou da presidência logo depois de ter vindo à tona uma
gravação em que ele pede R$ 2 milhões ao empresário e delator Joesley
Batista.
Em nova crítica a Tasso, ele disse que não esperava indicar alguém que fizesse da interinidade "para lançar sua candidatura".
As
declarações de Aécio foram feitas em Belo Horizonte, onde ele
acompanhou a convenção estadual do partido em Minas. A sigla reelegeu o
deputado Domingos Sávio para comandar sua unidade mineira.
O
partido realiza neste fim de semana as convenções regionais, cujo
resultado será um indicativo sobre o peso dos candidatos na disputa
nacional, em dezembro.