domingo, 12 de novembro de 2017

Aécio rebate crítica feita por Tasso


Fisiologismo

Da Folha de S. Paulo
Por Talita Fernandes

O senador Aécio Neves (MG) rebateu neste sábado (11) as críticas feitas pelo senador Tasso Jereissati (CE) de que ele apoiava o "fisiologismo" ao defender a permanência do PSDB no governo do presidente Michel Temer.
"Não posso aceitar agora essa pecha que alguns querem colocar de que a presença do PSDB [no governo] é fisiológica. Ela não é", disse o mineiro sem fazer menção direta ao autor das críticas.
"Quando eu próprio aventei o nome do senador Tasso Jereissati para ao Ministério do Desenvolvimento Econômico isso não era visto como algo fisiológico", rebateu.
A fala é uma resposta à declaração dada na véspera pelo senador cearense, que acusou o mineiro de apoiar o "fisiologismo" do atual governo.
Aécio disse que na montagem do governo Temer ele defendia que o PSDB apoiasse sem participar, mas que as indicações do partido para os ministérios se deu por decisão "majoritária" da sigla.
Os tucanos ocupam atualmente quatro pastas na Esplanada: Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy), Relações Exteriores (Aloysio Nunes), Cidades (Bruno Araújo) e Direitos Humanos (Luislinda Valois).
"No momento das indicações todos foram levantados foram tratados pelo partido como representantes legítimos do partido", lembrou.
Aécio disse ainda que a decisão da legenda de entrar no governo Temer não se deu por fisiologismo, mas por "responsabilidade", disse, repetindo que o PSDB defende a agenda de reformas que o Palácio do Planalto vem tentando implementar.
Ele acusou ainda a ala do partido chamada de "cabeças pretas" - por ser formada majoritariamente por políticos mais jovens - de buscar no discurso de desembarque do governo uma desculpa para não votar a favor de projetos como a Reforma da Previdência.
"Devo registrar que vejo boa parte da discussão daqueles que estão com a garganta pronta para gritar 'fora Temer' uma desculpa para não votar agenda de reformas necessárias ao país", disse.
Ainda sobre o desembarque do governo, Aécio afirmou que esse assunto deve ser resolvido "rapidamente" pelos candidatos à presidência do partido junto com os ministros tucanos.
"Esse desembarque do governo que está se aproximando, tem de ser feito de forma altiva, responsável, pela porta da frente como sempre entramos. E não transformando isso em uma disputa artificial interna. É apequenar muito se, em uma próxima convenção do partido, esta for a questão central", disse o tucano.
DISPUTA
Na última quinta-feira (9), Aécio reassumiu a presidência do partido para destituir Tasso do cargo de interino. Em seu lugar, indicou o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman sob a argumentação de que isso traria"isonomia" para a disputa pelo comando da sigla.
Aécio e Tasso têm travado uma batalha sobre a sucessão no partido e o apoio do PSDB ao governo.
O partido define em 9 de dezembro seu próximo presidente, que deve ocupar o cargo pelos próximos dois anos, inclusive no ano eleitoral.
O gesto do mineiro irritou Tasso e seus aliados e agradou o governador de Goiás, Marconi Perillo, que disputa com o senador cearense a presidência do PSDB.
Aécio repetiu que fez a mudança com a mesma responsabilidade de quanto indicou Tasso ao cargo em maio.
Ele se licenciou da presidência logo depois de ter vindo à tona uma gravação em que ele pede R$ 2 milhões ao empresário e delator Joesley Batista.
Em nova crítica a Tasso, ele disse que não esperava indicar alguém que fizesse da interinidade "para lançar sua candidatura".
As declarações de Aécio foram feitas em Belo Horizonte, onde ele acompanhou a convenção estadual do partido em Minas. A sigla reelegeu o deputado Domingos Sávio para comandar sua unidade mineira.
O partido realiza neste fim de semana as convenções regionais, cujo resultado será um indicativo sobre o peso dos candidatos na disputa nacional, em dezembro.