Foto: Lula Marques
Após o mal-estar causado pela nota em que o PT criticou a decisão
do Supremo Tribunal Federal (STF) de afastar o senador Aécio Neves
(PSDB-MG) do mandato, o partido deve fechar questão e votar pela
manutenção das medidas cautelares aplicadas contra o tucano. A bancada
vai se reunir na próxima terça-feira (17), data em que está marcada a
votação sobre o caso em plenário. Segundo o líder da minoria no Senado,
Humberto Costa (PT-PE), a manifestação do PT em relação a Aécio tinha um
caráter institucional, de defesa da autonomia entre os Poderes, e não
de apoio ao tucano. Para ele, a bancada do partido, com nove senadores,
deve votar unida para manter o senador tucano afastado do cargo. "O
Senado vai ter que entrar no mérito da discussão. Agora nós vamos
discutir se as coisas que têm contra o Aécio justificam, ou não essa
recomendação do Supremo. Eu vou defender que nós votemos para seguir a
recomendação", disse. Essa também é a posição da senadora Fátima Bezerra
(PT-RN). "Não dá para fingir que a gente não ouviu a conversa
indecorosa que ele teve com Joesley Batista (dono da JBS). Não dá para
fingir que não houve mala de dinheiro entregue ao primo dele. Se o
Senado quer o respeito do povo brasileiro, não dá para tampar o sol com a
peneira", afirmou. Um dia depois de o Supremo determinar o afastamento
de Aécio e impor outras medidas cautelares ao tucano, o PT emitiu uma
nota em que classificava como "esdrúxula" a decisão. "A resposta da
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal a este anseio de Justiça foi
uma condenação esdrúxula, sem previsão constitucional, que não pode ser
aceita por um poder soberano como é o Senado Federal", dizia o texto. A
nota também afirmava que não existia "a figura do afastamento do mandato
por determinação judicial" e que a decisão era "mais um sintoma da
hipertrofia do Judiciário", que vinha "se estabelecendo como um poder
acima dos demais e, em alguns casos, até mesmo acima da Constituição
Federal". Com diversos parlamentares implicados na Lava Jato, a
manifestação foi vista como uma maneira de marcar posição diante da
possibilidade de algo semelhante vir a acontecer com algum petista. A
presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann (PR), por exemplo, já é
ré em um inquérito no Supremo. O texto, no entanto, não foi bem recebido
pela militância do partido, que apontpu o fato de Aécio ter sido um dos
principais articuladores do impeachment de Dilma Rousseff.