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Pouco mais de três anos após a morte do ex-governador de
Pernambuco Eduardo Campos em plena campanha presidencial, o PSB abriu
canais de diálogo com Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo
Alckmin (PSDB) para 2018 e ensaia uma "volta às origens" de
centro-esquerda fazendo oposição ao governo do PMDB. A cúpula da legenda
aguarda para as próximas semanas uma debandada de deputados
governistas. Dirigentes calculam que entre 12 e 18 dos 36 deputados
devem deixar o partido para continuarem na base do governo Michel Temer.
Essa será a senha para o PSB reforçar o discurso de que voltou às suas
origens de centro-esquerda. O PSB rompeu com a então presidente Dilma
Rousseff em 2013, quando lançou Eduardo Campos. Em 2015 apoiou o
impeachment da petista. Para viabilizar sua candidatura ao Planalto, em
2014, Campos inchou o partido levando nomes que tinham pouca ou nenhuma
afinidade histórica e ideológica com a legenda. É essa ala do PSB que se
rebelou quando a cúpula partidária decidiu que não indicaria nomes para
o governo Temer. O PDT fez uma oferta para que o PSB apoie Ciro Gomes
que foi considerada generosa pela cúpula do partido: uma aliança
horizontal. Funcionaria assim: o PSB apoiaria Ciro Gomes e o PDT em
troca apoiaria todos os candidatos à governador pessebistas. São dez
candidaturas, segundo o secretário-geral do PSB, Renato Casagrande, que
também preside o Instituto João Mangabeira. Entre elas estão São Paulo,
Minas Gerais, Paraíba, Distrito Federal, Espírito Santo, Rio Grande do
Sul e Pernambuco. O presidente do PDT, Carlos Lupi, disse que o fato de
os dois partidos hoje estarem na oposição a Temer facilita a
reaproximação. "Houve um afastamento durante o impeachment (o PSB votou a
favor e o PDT, contra). Agora me parece que estão retomando o caminho
de centro-esquerda", disse Lupi. Segundo Casagrande, o PSB espera
reciprocidade regional de quem estiver a seu lado. "Uma aliança nacional
se estabelece com interesse nacional e os regionais", afirmou ao
Estado. O secretário-geral do PSB disse que o partido ainda não
descartou uma candidatura própria em 2018, mas revela que está
dialogando hoje com o Ciro, Marina e Alckmin. Em entrevista ao Estado, o
ex-ministro Aldo Rebelo, recém-filiado ao PSB, considera que o partido
tenha um projeto próprio para 2018 e se decidir apoiar um nome de outra
legenda deve deixar a decisão para o ano que vem. "O PSB deve estar
aberto ao diálogo mas não pode ser satélite de outros partidos", disse. A
relação com o governador paulista já foi mais próxima. A opção Alckmin é
defendida internamente pelo vice governador de São Paulo, Márcio
França. Ele era favorito para presidir o PSB, mas perdeu força com a
nova fase "centro-esquerda" da sigla. A convenção foi adiada para 2018 e
o pernambucano Carlos Siqueira deve ser reeleito presidente. "Se
Alckmin fizer uma aliança conservadora, não vai caber o PSB. Se for de
centro-esquerda cabe", disse Casagrande. Sobre o PT, Casagrande descarta
um diálogo nacional. Mas regionalmente já há uma aproximação em vários
Estados, o principal deles é Pernambuco. "A saída de Fernando Bezerra
Coelho (que foi para o PMDB) deu clareza à política de Pernambuco. A
força de Temer lá está unificada", afirmou. Em entrevista a uma rádio do
Recife, na semana passada, Câmara disse que não há, ao menos por
enquanto, negociação com o PT, mas os sinais de reaproximação são
claros. Nas últimas semanas, o governador recebeu o senador Humberto
Costa (PT-PE) e o ex-prefeito João Paulo Lima e Silva. Antes disso
esteve com o ex-prefeito Fernando Haddad e o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. João Paulo também descartou a aliança. Segundo ele, o
partido quer lançar a vereadora Marília Arraes ao governo. A presidente
do PT, Gleisi Hoffmann, espera desde julho por uma reunião com a cúpula
do PSB.