Da esq. para dir., os então
ministro das Relações Institucionais Tarso Genro, deputado federal
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), o presidente da República Luiz Inácio Lula
da Silva e o governador da Bahia Jaques Wagner (PT) durante encontro em
que ficou acertado o ministério da Integração Nacional para Geddel
Vieira, em Brasília, em 2007
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
A
segunda denúncia contra Michel Temer não deveria despertar tanto
entusiasmo no PT. A acusação fragiliza o presidente, mas deixa claro que
o "quadrilhão" do PMDB da Câmara deve parte de seus lucros aos governos
Lula e Dilma.
O
procurador Rodrigo Janot fez um breve histórico da aliança. Ela começa
em 2006, quando o petismo teve que recompor sua base no Congresso depois
da crise do mensalão.
O
PMDB do Senado, comandado por Renan e Sarney, já era lulista desde
criancinha. Faltava a ala da Câmara, que esperou o presidente se
reeleger para negociar a adesão.
Os
jornais da época registraram a euforia de Temer e seus amigos
denunciados pela Lava Jato. "União assim, só para apoiar o Tancredo
contra a ditadura militar", celebrou o então deputado Henrique Eduardo
Alves, hoje preso em Natal.
O
primeiro fruto da aliança foi a nomeação de Geddel Vieira Lima, hoje na
Papuda, como ministro da Integração Nacional. Ele impôs um pedágio de
3% nas obras da pasta, segundo as investigações. Parte do propinoduto
ficou documentada no sistema Drousys, da Odebrecht.
No
segundo governo Lula, o "quadrilhão" ainda ocuparia a diretoria
internacional da Petrobras, a presidência de Furnas e a vice-presidência
de Loterias da Caixa, na qual se revezaram Moreira Franco e Geddel.
Com
Dilma, Temer virou vice-presidente e passou a indicar os ministros da
Agricultura e da Aviação Civil. A denúncia descreve a atuação de Moreira
na concessão de aeroportos como "um verdadeiro escambo com a coisa
pública".
Só
a Odebrecht teria repassado ao menos R$ 11 milhões em propinas. As
planilhas da empresa registram a entrega de dinheiro nos escritórios de
Eliseu Padilha e José Yunes.
Na
sexta-feira, o PT afirmou que Temer chefia um governo "corrupto e
ilegítimo, que deve ser afastado o quanto antes". Tudo bem, mas faltou
explicar por que a turma faturou tanto sob as barbas do partido.