Após tomar posse
no cargo de procurador-geral da República, em 2013, Rodrigo Janot
recebeu em audiência o então presidente da ADPF (Associação Nacional dos
Delegados de Polícia Federal), o delegado Marcos Leôncio.
Naquele
momento, a queda de braço entre PGR (Procuradoria-Geral da República) e
PF não era pequena, mas estava distante da conflagração aberta que se
tornou na gestão de Janot.
Quando
Leôncio chegou para o que acreditava ser uma reunião de troca de
impressões, encontrou Janot em uma mesa cercado por assessores,
incluindo o então procurador Marcello Miller, hoje pivô da crise da delação da JBS.
"Dessa
reunião ficou uma imagem do Janot imperial. Ele disse mais ou menos
assim: que não havia o que conversar entre PF e MPF", diz o delegado. "A
PF teria que ser subordinada à PGR nas investigações, com a PF
concordando ou não. Saí da reunião já sabendo que não teríamos anos
fáceis pela frente."
Durante
o mandato, Janot tentou proibir a PF de fechar delações. Com uma ação
no STF (Supremo Tribunal Federal), ainda não julgada, exigiu que a
polícia não indiciasse parlamentares com foro privilegiado e tentou
impedir delegados de entregar documentos ao então ministro relator da
Lava Jato, Teori Zavascki.
Reveladores,
os embates entre Janot e PF foram só um dos pontos turbulentos dos
quatro anos da gestão que o mineiro de 60 anos, completados na sexta
(15), encerra neste domingo (17).
Ao
entregar a cadeira para Raquel Dodge, Janot entra para a galeria dos
procuradores-gerais com um destaque ímpar e uma montanha-russa de
polêmicas.
INEDITISMO
Seus críticos podem amenizar, dizendo que ele estava no lugar certo na hora certa, diante do escândalo de corrupção revelado pela Lava Jato –que não começou em seu gabinete, mas em Curitiba.
Seus apoiadores, contudo, retrucarão, afirmando que Janot deu ao Ministério Público Federal um protagonismo jamais alcançado e que nem todos poderiam ter aguentado as pressões que suportou.
Janot pediu o afastamento do cargo e a prisão de um presidente da Câmara (Eduardo Cunha) e do líder do governo Dilma no Senado (Delcídio do Amaral). Tentou prender o presidente do Senado (Renan Calheiros), um ex-presidente da República (José Sarney) e um dos principais líderes partidários (Aécio Neves ).
Denunciou de forma inédita, e por duas vezes, o presidente da República no cargo (Michel Temer) e mandou abrir investigações sobre a própria presidente que o havia indicado duas vezes para o cargo (Dilma Rousseff).
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