O Globo
Os recibos de aluguel do apartamento de São Bernardo do Campo, no ABC
paulista, apresentados pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva serão alvo de perícia da Operação Lava-Jato. O pedido de análise
técnica deverá ser feito pelo Ministério Público Federal (MPF).
O material chamou a atenção dos investigadores por apresentar
incorreções: dois deles trazem datas que não existem – 31 de junho de
2014 e 31 de novembro de 2015. Outros seis recibos trazem erros de
digitação. O nome da cidade onde fica o apartamento foi escrito como
“São Bernanrdo”.
A perícia que será pedida pelo MPF pode verificar a autenticidade dos
documentos. Em casos como esse, peritos conseguem fazer exames para
determinar se todos os recibos foram assinados no mesmo dia, por
exemplo, ou se foram impressos pela mesma máquina.
A defesa de Lula apresentou os recibos na segunda-feira após ser
questionada pelo juiz Sérgio Moro no interrogatório do petista, no
início deste mês. Os advogados do petista sustentam que a
ex-primeira-dama Marisa Letícia pagou alugueis pelo imóvel para Glaucos
Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai.
Em depoimento ao juiz Sergio Moro, Costamarques disse que adquiriu o
apartamento a pedido de Bumlai e que só começou a receber aluguel um dia
depois da prisão do pecuarista, em novembro de 2015.
Costamarques disse que os pagamentos foram feitos em sua conta em
dinheiro, por meio de depósitos em caixas eletrônicos. Como há limite
para a quantidade de notas, o valor do aluguel era fracionado em dois ou
três depósitos.
Embora o contrato de locação assinado pela ex-primeira-dama Marisa
Letícia tenha começado em fevereiro de 2011, apenas 26 recibos foram
entregues. Se considerado apenas até o fim de 2015 (último registro), 33
comprovantes deixaram de ser entregues, assim como não foram
apresentados documentos bancários sobre a forma com que os pagamentos
foram efetuados.