Presidente
da Câmara diz que Temer faltou com a palavra e reclama de ‘facadas nas
costas’; segundo ele, denúncia contra peemedebista será concluída em
outubro
O Estado de S.Paulo - Isadora Peron, Tânia Monteiro, Igor Gadelha e Adriana Fernandes
Às
vésperas de a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer chegar à
Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), fez nesta
quarta-feira, 20, duras críticas ao peemedebista, e disse que ele faltou
com a palavra e ameaçou com a retaliação do DEM em votações de
interesse do governo. Mais cedo, em entrevista ao Estadão/Broadcast,
Maia pediu que o Palácio do Planalto pare com o “fogo amigo” e seja
mais respeitoso durante a tramitação da ação penal contra Temer, por
organização criminosa e obstrução da Justiça.
Segundo
Maia, que ocupa interinamente a Presidência da República até a manhã de
sexta-feira, o mal-estar com o Planalto se deve ao fato de o PMDB ter
filiado, no início deste mês, o senador Fernando Bezerra (PE), ex-PSB. O
DEM vinha negociando havia meses a migração do parlamentar e de outros
deputados para sua legenda.
“Quando
a gente faz um acordo, tem de cumprir a palavra. A coisa mais
importante da política é a palavra. Eu já avisei o presidente, isso
causou muito desconforto dentro da bancada”, disse. Maia se referia ao
episódio, durante a tramitação da primeira denúncia contra Temer, por
corrupção passiva, na Câmara, quando o peemedebista teve um encontro com
integrantes da cúpula do PSB. Na época, segundo Maia, Temer foi a um
jantar em sua casa negar que o PMDB estivesse fazendo ofensiva no PSB.
Na
Câmara, na quarta-feira à noite, o deputado destacou que o fato de os
ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Eliseu Padilha (Casa
Civil) terem participado do ato de filiação de Bezerra mostrou que há
uma “digital” do governo na iniciativa. “Mandei mensagem para o
presidente Temer falando da ação do presidente do PMDB (senador Romero Jucá) e de alguns ministros do palácio”, afirmou.
“A
gente não pode ficar levando facada nas costas do PMDB, principalmente
de ministros do Palácio e do presidente do PMDB”, afirmou Maia. As
críticas vieram a público depois de o deputado fluminense saber de
abordagens do PMDB para tentar atrair o deputado Marinaldo Rosendo
(PSB-PE), que está acertado de ir para o DEM. Procurados pelo Estado na
quarta-feira, Moreira, Padilha e Jucá não foram encontrados.
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