"O DEM não pode ficar levando facada nas costas do PMDB"
O
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), adotou nesta
quarta-feira (20) um discurso de enfrentamento contra o PMDB e
auxiliares do presidente Michel Temer. Ele
acusou o presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, e os ministros
Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral) de
atuarem para enfraquecer e evitar o crescimento do DEM.
Na
saída de jantar na embaixada chilena, Maia disse que alertou Temer
nesta quarta-feira (20), em mensagem de celular, sobre o movimento de
integrantes de sua equipe e o considerou "grave".
"Que
o PMDB pare de tentar reduzir o crescimento do DEM na Câmara dos
Deputados. Isso é uma coisa que alertei o presidente. Isso é muito grave
e não ajuda quando o próprio Palácio do Planalto participa dessa
operação", disse.
O
DEM identificou ainda nesta quarta-feira (20) que o PMDB estava
assediando o deputado federal Marinaldo Rosendo (PSB-PE), que estava em
conversas com o DEM.
Na
Câmara, após o jantar, Maia disse que a relação entre DEM e PMDB tem
parecido a de "adversários" e disse esperar que não vire de "inimigos".
"Se é assim que eles querem tratar um aliado, eu não sei o que é ser adversário", disse.
Maia
ficou incomodado com proposta apresentada nesta quarta-feira (20) por
Jucá que dificulta a pretensão de partidos de aumentar a janela
partidária em 2018, caso do DEM, que pretende filiar dissidentes do PSB.
Para
evitar que siglas engordem seus caixas partidários com a filiação de
deputados, a inciativa leva em conta o número de parlamentares em 10 de
agosto de 2017 para a distribuição de recursos para a disputa eleitoral.
"A
gente espera que o PMDB, entendendo tudo que o DEM fez pelo governo até
agora, tenha respeito e tire os pés de nossa porta", disse Maia.
Segundo
ele, o DEM não pode "ficar levando facada nas costas" do PMDB,
"principalmente dos ministros do Palácio do Planalto e do presidente
nacional do PMDB".
No início deste mês, o PMDB filiou o senador Fernando Coelho (PE), que estava no PSB e negociava ingressar no DEM.
"Nas
últimas semanas, o que a gente tem visto é o contrário, inclusive com a
participação do ministro Moreira Franco e do ministro Eliseu Padilha na
filiação do senador Fernando Coelho", criticou.
Maia
observou, contudo, que o episódio não afetará seu comportamento em
relação à denúncia contra o presidente. "Não vamos misturar as coisas.
Cada deputado vai votar com a sua consciência", disse.
O
líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), também a fazer ameaças ao
governo de Michel Temer. "O PMDB está construindo muros quando deveria
construir pontes. Consequências virão", disse à Folha, sem querer detalhar quais seriam as consequências.
Quando o PMDB oficializou o convite aos Bezerra Coelho, Efraim já havia dito que "haveria troco".