Avaliação é de que volta de Dirceu à prisão é iminente | Foto: Fotos Públicas
Condenado por corrupção passiva, associação criminosa e lavagem 
de dinheiro, o ex-ministro José Dirceu está muito perto da prisão da 
Lava Jato, onde já estão antigos companheiros seus do PT, o ex-ministro 
Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil) e Lula. A avaliação é de 
juristas, criminalistas e constitucionalistas, que analisaram a situação
 de Dirceu.  Na última quinta-feira (19), ele sofreu duro revés, quando o
 Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) rejeitou o recurso de 
embargos infringentes. A Corte também manteve a pena de prisão em 30 
anos, 9 meses e 11 dias e determinou a execução provisória da pena, 
quando esgotados os recursos de competência do TRF-4, questão de dias. 
Dirceu ainda aguarda em liberdade por decisão do Supremo Tribunal 
Federal o julgamento de todos os recursos na segunda instância. 
Advogados com bastante experiência nessa área avaliam, porém, que a 
volta de Zé Dirceu para a prisão da Lava Jato é cada vez mais certa. Ele
 foi preso em regime preventivo no dia 3 de agosto de 2015. Em maio de 
2017, o Supremo Tribunal Federal o libertou. "Em termos práticos, ainda 
resta a interposição de embargos de declaração questionando a decisão do
 TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4.ª Região) nos embargos 
infringentes", considera o advogado Marcellus Ferreira Pinto. "Ocorre 
que esses embargos não possuem efeitos infringentes, ou seja, não 
modificam o julgamento em segunda instância", acrescenta Ferreira Pinto,
 do Nelson Wilians e Advogados Associados. "Por fim, ainda está pendente
 na segunda turma o julgamento de um pedido da defesa para que ele não 
seja preso mesmo após esgotado o julgamento em segunda instância, 
entretanto, o posicionamento majoritário do STF jáé mais do que 
conhecido, ou seja, assim como no caso do ex-presidente Lula no processo
 do triplex, a prisão é mera questão de tempo", destaca. O 
constitucionalista e criminalista Adib Abdouni concorda com Marcellus 
Ferreira Pinto. "A rejeição dos embargos infringentes opostos por José 
Dirceu revela a iminência do decreto de seu encarceramento. Por ora, 
isso pode ser evitado pela oposição do recurso de embargos de 
declaração, cujo julgamento oportuno sem efeito modificativo sobre o que
 decidido resultará no esgotamento dos recursos na segunda instância", 
creva Abdouni. Assim como Lula, Zé Dirceu pode ser beneficiado no 
eventual julgamento das ADCs (Ações Declaratórias de 
Constitucionalidade) no Supremo. "A execução provisória da pena antes do
 trânsito em julgado da decisão penal condenatória, cuja flagrante 
inconstitucionalidade, poderá ser reconhecida quando do julgamento das 
ADCs sobre o tema", emenda Adib Abdouni. João Paulo Martinelli, 
professor do curso de pós-graduação em Direito Penal da Faculdade de 
Direito do IDP-SP, lembra que Dirceu pode tentar ainda os embargos de 
declaração dos embargos de declaração, como fez Lula. "No entanto, 
dificilmente esses embargos seriam recebidos pelo TRF-4. Assim como 
Lula, Dirceu pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça e ao STF para
 tentar sua absolvição ou, pelo menos, tentar nos tribunais superiores 
sua liberdade para aguardar em liberdade o julgamento desses recursos. 
Outra opção é tentar um habeas corpus para aguardar em liberdade o 
julgamento das duas ADCs que devem entrar na pauta do STF na próxima 
semana." Para Gustavo Henrique D. Paniza, advogado do departamento de 
Direito Penal Empresarial do escritório Braga Nascimento e Zilio 
Advogados, a prisão de Dirceu está mesmo prestes a acontecer. "Segundo o
 entendimento consolidado pelo STF, acerca da possibilidade do início de
 cumprimento da pena, após condenação em segunda instância, o réu José 
Dirceu poderá ser preso e iniciar o cumprimento de pena, logo após o 
julgamento dos mencionados embargos de declaração, pelo TRF 4", analisa 
Paniza.