Agora
ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot afirmou que existe uma
"orquestração visível" para desconstruir sua imagem. Em entrevista
concedida ao jornal "Correio Braziliense" e publicada na edição desta
quarta-feira, ele afirmou que os políticos denunciados tentam, como
estratégia de defesa, "desconstituir a figura do acusador" para explicar
gravações, 'mala voando' com dinheiro e apartamentos com R$ 51 milhões
em espécie.
“Quando o fato é chapado, quando o fato é mala voando, são R$ 51
milhões dentro de apartamento, gente carregando mala de dinheiro na rua
de São Paulo, gravação dizendo “tem que manter isso, viu?”, há uma
dificuldade natural para elaborar defesa técnica nesses questionamentos
jurídicos. E uma das estratégias de defesa é tentar desconstruir a
figura do acusador”, afirmou.
Questionado se haveria uma tentativa de acusados em usar o
ex-procurador Marcello Miller para atacá-lo, Janot confirmou e disse que
tentariam "tudo" contra ele. Em ironia, afirmou também que não recebeu
dinheiro do antigo integrante do Ministério Público (MP) — acusado de
ajudar na negociação do acordo de colaboração premiada da JBS — "nem
autorizou ninguém a receber mala de dinheiro". Tampouco tem "amigo com
R$ 51 milhões em apartamento".
“Vão tentar usar todo mundo e tudo contra mim… Tudo é possível, vão
tentar desconstituir a figura do investigador. Não levei dinheiro do
Miller nem autorizei ninguém a receber mala de dinheiro em meu nome. Nem
tenho amigo com R$ 51 milhões em apartamento”, ironizou.
Na entrevista, Janot comenta ainda que não compareceu à cerimônia de
posse de sua sucessora no comando da Procuradoria-Geral da República
(PGR), Raquel Dodge, porque não foi convidado.
“Quem vai em festa sem convite é penetra. Para a posse, definitivamente, não fui convidado”, disse.
Já em relação à nova gravação da JBS que veio à tona e fez o acordo
celebrado com a PGR ser cancelado, Janot disse que as provas obtidas até
então poderão continuar a ser usadas. No entanto, reconheceu "gosto
amargo" pelo colaborador não ter se disposto a contar tudo o que sabia,
mas sim "continuar ao lado da bandidagem".
“A rescisão me permite continuar usando a prova. Mas dá um gosto
amargo, o sujeito não pulou o lado, continuou ao lado da bandidagem”,
admitiu ele.