quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Janot: Não tenho amigo com R$ 51 mi em apartamento



Agora ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot afirmou que existe uma "orquestração visível" para desconstruir sua imagem. Em entrevista concedida ao jornal "Correio Braziliense" e publicada na edição desta quarta-feira, ele afirmou que os políticos denunciados tentam, como estratégia de defesa, "desconstituir a figura do acusador" para explicar gravações, 'mala voando' com dinheiro e apartamentos com R$ 51 milhões em espécie.
“Quando o fato é chapado, quando o fato é mala voando, são R$ 51 milhões dentro de apartamento, gente carregando mala de dinheiro na rua de São Paulo, gravação dizendo “tem que manter isso, viu?”, há uma dificuldade natural para elaborar defesa técnica nesses questionamentos jurídicos. E uma das estratégias de defesa é tentar desconstruir a figura do acusador”, afirmou.
Questionado se haveria uma tentativa de acusados em usar o ex-procurador Marcello Miller para atacá-lo, Janot confirmou e disse que tentariam "tudo" contra ele. Em ironia, afirmou também que não recebeu dinheiro do antigo integrante do Ministério Público (MP) — acusado de ajudar na negociação do acordo de colaboração premiada da JBS — "nem autorizou ninguém a receber mala de dinheiro". Tampouco tem "amigo com R$ 51 milhões em apartamento".
“Vão tentar usar todo mundo e tudo contra mim… Tudo é possível, vão tentar desconstituir a figura do investigador. Não levei dinheiro do Miller nem autorizei ninguém a receber mala de dinheiro em meu nome. Nem tenho amigo com R$ 51 milhões em apartamento”, ironizou.
Na entrevista, Janot comenta ainda que não compareceu à cerimônia de posse de sua sucessora no comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), Raquel Dodge, porque não foi convidado.
“Quem vai em festa sem convite é penetra. Para a posse, definitivamente, não fui convidado”, disse.
Já em relação à nova gravação da JBS que veio à tona e fez o acordo celebrado com a PGR ser cancelado, Janot disse que as provas obtidas até então poderão continuar a ser usadas. No entanto, reconheceu "gosto amargo" pelo colaborador não ter se disposto a contar tudo o que sabia, mas sim "continuar ao lado da bandidagem".
“A rescisão me permite continuar usando a prova. Mas dá um gosto amargo, o sujeito não pulou o lado, continuou ao lado da bandidagem”, admitiu ele.