O
ministro da Defesa, Raul Jungmann, convocou, ontem, o general Eduardo
Villas Bôas, para pedir explicações após a repercussão negativa das
declarações do general da ativa Antonio Hamilton Martins Mourão.
O Exército tenta contornar a situação, já que Mourão tem uma forte
liderança na tropa. Na sexta-feira passada, em palestra, o general da
ativa defendeu a possibilidade de intervenção militar diante da crise
enfrentada pelo País, caso a situação não seja resolvida pelas próprias
instituições.
Por meio de nota, o ministro da Defesa afirmou que também orientou o
comandante "quanto às providências a serem tomadas", mas não explicou
quais seriam essas medidas.
No fim de semana, ao tomar conhecimento das afirmações, Jungmann
relatou o fato ao presidente Michel Temer e avisou que deixou nas mãos
do comandante a decisão sobre como conduzir o caso. O general Villas
Bôas ouviu as explicações do general e disse que o problema estava
"superado". Mourão já protagonizou outro desconforto político em outubro
de 2015, quando criticou o governo da presidente cassada Dilma
Rousseff. Pelo Regulamento Disciplinar do Exército, o general pode ser
punido por dar declarações de cunho político, sem autorização de seu
superior hierárquico.
A decisão do comandante do Exército foi interpretada como uma
tentativa de abafar o caso e não teria agradado a Jungmann. O ministro
esperava algum tipo de sinal de que esse tipo de declaração não pode ser
tolerado. De acordo com integrantes do Alto Comando, Mourão está
exatamente a seis meses de deixar o serviço ativo.