A investigação que embasou a denúncia do ex-procurador-geral da
República Rodrigo Janot contra Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva
e Aloizio Mercadante mostra que a ex-presidente usou e-mail secreto
para alertar os marqueteiros João Santana e Mônica Moura do risco de
prisão. Além disso, também foram confirmadas trocas de mensagens e
telefonemas entre Dilma e o casal. A informação foi delatada pelos
marqueteiro neste ano. Na época, Dilma divulgou nota dizendo ser
"fantasiosa" a versão de que informava delatores sobre o andamento da
Operação Lava Jato. "Causa aindamais espanto a versão de que por meio de
uma suposta 'mensagem enigmática' (estranhamente copiada em um
computador pessoal), conforme a fantasia dos delatores, a presidente
tivesse tentado 'avisá-los' de uma possível prisão", diz a nota. Segundo
a denúncia de Janot, as investigações confirmaram a existência de três
e-mails. Segundo delação de Mônica Moura, um dos e-mails dizia: "o seu
grande amigo está muito doente. Os médicos consideram que o risco é
máximo. O pior é que a esposta, que sempre tratou dele, agora está com
câncer e com o mesmo risco. Os médicos acompanham os dois dia e noite".
Já em maio de 2016, a delatora registrou em cartório um rascunho de
e-mail que teria recebido de Dilma. Na denúncia, Janot afirma que "dados
telemáticos obtidos confirmaram a existência dos e-mails em questão,
inclusive, daquele em que foi transcrito acima, o qual já havia sido
apresentado por meio de ata notarial (...), foi elaborado". De acordo
com O Glob, a denúncia conclui que a obstrução das apurações ocorreu
mediante criação e utilização de Dilma de correios eletrônicos
especificamente voltados para o repasse de informações sobre a Lava
Jato. Em nota, a assessoria de Dilma informou que a posição dela
continuava a mesma daquela expressa em nota logo após a denúncia: que a
atitude de Janot é lamentável e sem qualquer fundamento. Além disso, a
petista afirmou que as investigações se basearam em interceptações
telefônicas ilegais.