Com base no Drousys, sistema de comunicação usado pelo Setor de
Operações Estruturadas ou o "Departamento de Propina" da Odebrecht, um
relatório do Ministério Público Federal (MPF) aponta que há novos
codinomes de caciques políticos do PMDB. O documento foi entregue ao
Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo informações d'O Globo, o
ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, é identificado
como "Babel". Os documentos afirmam que o político baiano teria
recebido um total de R$ 2,1 milhões em 2010 e R$ 100 mil em 2013. Antes
disso, pagamentos feitos em 2008 e 2009 indicam para propinas de mais de
R$ 3,5 milhões. O ex-ministro, que foi preso na Operação Tesouro
Perdido após ser vinculado a um bunker de R$ 51 milhões, também já foi
identificado como 'Jacaré'. Nesse caso, o apelido seria uma referência à
forma como o doleiro Lúcio Funaro chamava Geddel, comparando a ambição
do baiano com a boca do animal (lembre aqui). De
acordo com a publicação, em algumas situações, um mesmo político contou
com mais de um apelido nas planilhas e e-mails de pagamentos da
empresa. Foi o caso do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que é
apontado como "Primo", "Fodão" e "Bicuira". No total, os três
pseudônimos teriam recebido quase R$ 5 milhões. Assim como Padilha, o
ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, teria faturado R$ 600 mil em
2008, R$ 650 mil em 2009, R$ 12 milhões em 2010, R$ 2,2 milhões em 2012,
R$ 2,1 milhões em 2013 e R$ 11,1 milhões em 2014 como "Caranguejo". O
MPF aponta ainda que o ex-deputado seria o destinatário de três
pagamentos que totalizaram R$ 3 milhões como "Acadêmico" e também uma
parcela de R$ 300 mil como "Calota". Também listado na planilha aparece
outro ex-presidente da Câmara preso, o ex-deputado Henrique Eduardo
Alves. Como "Rio Grande", ele teria R$ 112 mil em setembro de 2010 e US$
67,3 mil, o equivalente a R$ 125 mil na época. Já como "Fanho", ele
teria recebido um total de R$ 2 milhões em 2014. Outro ministro do
governo de Michel Temer (PMDB) implicado na acusação do MPF foi Moreira
Franco, titular da Secretaria-Geral. O ministro é acusado de receber
mais de R$ 7 milhões como "Angorá". Por último, há o governador do
Tocantins, Marcelo Miranda. Identificado como "Lenhador", ele teria sido
alvo de dois pagamentos no valor de R$ 500 mil nos dias 2 de outubro de
2014 e 9 de outubro de 2014. O relatório do MPF destaca também que a
criatividade alcançava as senhas de acesso para a retirada das propinas.
Miranda, por exemplo, teria usado os códigos "Passarinho" e "Foguista".
Já Henrique Alves teria feito uso das senhas "Acerola" e "Mulher" para o
codinome "Fanho" e "Jabuti" para "Rio Grande". Com três codinomes,
Cunha teria usado as senhas "Mangaba", "Pêssego", "Viola", "Pirulito" e
"Aluno". Já Moreira Franco teria usado nomes como "OTP", "Foguete",
"Morango", "Pinguim", "Pássaro", "Paulistinha" e "Agenda" para retirar o
dinheiro. As senhas de Padilha seriam "Comida" e "Sardinha". (Atualizada às 08h17)