Jornal do Brasil
Os
depoimentos do ex-ministro Antonio Palocci sobre as reuniões do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o comando da Odebrecht para
supostamente tratar de propina apresentam contradições com relação a
valores e datas. As informações são da Folha de S. Paulo.
De
acordo com a reportagem, em abril, Palocci afirmou que ouviu de Lula
que a Odebrecht lhe repassara a informação de que tinha separado R$ 200
milhões para apoiar o PT, além dos recursos doados na campanha. Isso
teria acontecido antes da eleição de 2010.
Já
em setembro, Palocci afirmou que Lula teria feito um "pacto de sangue"
com a Odebrecht dias antes da posse de Dilma, garantindo R$ 300 milhões
para suas atividades políticas e o PT, além de favores pessoais. Isso
teria acontecido em dezembro de 2010.
A
defesa de Palocci afirma que eventuais diferenças são "naturais",
porque, quando depôs pela primeira vez, o ex-ministro ainda não iniciara
a discussão de sua colaboração. "Ele estava mais defensivo antes, e
hoje pode falar mais", disse. "Eventuais divergências não devem ser
interpretadas como sinal de que esteja mentindo, e mostram que não há
combinação de versões com outros delatores."
Novo delator
Palocci
foi condenado no dia 26 de junho a mais de 12 anos de prisão. Moro
concluiu que o ex-ministro ordenou o repasse de US$ 10,2 milhões da
Odebrecht ao marqueteiro João Santana por meio de depósitos no exterior.
O
pagamento consta na planilha "Italiano", que controlou, segundo a
delação dos executivos, desembolsos de R$ 133 milhões (dentro um saldo
total de R$ 200 milhões) que a empreiteira fez de 2008 a 2014 para
atender a pedidos do PT.
Quando
depôs neste processo, em maio, Palocci negou as acusações, mas insinuou
o desejo de fazer delação, dizendo-se "à disposição" da Justiça para
dar "fatos com nomes, endereços, operações realizadas e coisas que vão
ser certamente do interesse da Lava Jato". Na ocasião, o ex-ministro
disse ter omitido alguns nomes "por sensibilidade da informação".
Poucos
dias depois do depoimento, o advogado José Batochio, que defendia
Palocci e é abertamente contra as delações, deixou o cliente, e o
petista passou a negociar um acordo com o MPF (Ministério Público
Federal) por meio de outros defensores.
Ao
condenar Palocci, Moro não gostou da postura do ex-ministro, afirmando
que as indiretas sobre delação "soaram como uma ameaça" a investigados
para que o ajudassem a ser solto. O ex-ministro foi preso há quase um
ano, em 26 de setembro de 2016, na 35ª fase da Lava Jato