“Quando
a esperteza é muita”, ensinava o sábio político mineiro Tancredo Neves,
“vira bicho e come o dono”. Joesley Batista pensava ser esperto, depois
que gravou uma conversa comprometedora com Michel Temer, para
entregá-la à Procuradoria, em troca de pagar uma multinha, ficar livre e
se mudar com a família, o dinheiro e as empresas para os EUA.
Não
era tão esperto assim. Numa gravação que entregou à Procuradoria, havia
uma conversa com assessores diretos em que diz grosserias sobre a
presidente do Supremo, usa frases que lançam suspeitas sobre as relações
com um procurador que o investigava (e logo se demitiu, mudando de
lado, para trabalhar com seus advogados), insinua ter sob controle
vários ministros do STF. Há duas versões sobre o áudio que gravou e
entregou:
a) Não
conhecia direito o gravador, que se liga sozinho quando há som. Ao
apagar a gravação, não sabia que ela fica fora do alcance, mas um perito
a recupera. Só é mesmo apagada quando algo for gravado em cima.
b) Queria vincular seus assessores à delação, para evitar traições.
Em qualquer caso, agiu como amador. E a Polícia Federal é profissional.