O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, afirmou que Rodrigo
Janot, ex-procurador-geral da República, não teve boa-fé ao negociar sua
delação premiada. "Nunca acreditei que minha delação daria certo com o
Janot", afirmou em entrevista à revita Época. "Só uma criança
acreditaria que Janot toparia uma delação comigo. E eu não sou uma
criança. O Janot não queria a verdade, só queria me usar para derrubar o
Michel Temer", acrescentou. Essa foi a primeira entrevista de Cunha
desde que foi preso, em outubro de 2016. De acordo com Cunha, o
ex-procurador queria que ele mentisse na delação, com o objetivo de
derrubar o presidente Michel Temer. Apesar do insucesso nas negociações
com Janot, o ex-deputado disse estar disposto a colaborar, caso a atual
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, aceite negociar. "Estou
pronto para revelar tudo o que sei, com provas, datas, fatos,
testemunhas, indicações de meios para corroborar o que posso dizer",
reforçou. "Tenho histórias quilométricas para contar, desde que haja
boa-fé na negociação". Na entrevista, Cunha ainda avaliou a delação do
empresário Joesley Batista. "O Joesley fez uma delação seletiva, para
atender aos interesses dele e do Janot. Há omissões graves na delação
dele. O Joesley poupou muito o PT. Escondeu que nos reunimos, eu e
Joesley, quatro horas com o Lula, na véspera do impeachment. O Lula
estava tentando me convencer a parar o impeachment. Isso é só um pequeno
exemplo", afirmou. "O que eu tenho para falar ia arrebentar a delação
da JBS e ia debilitar a da Odebrecht. E agora posso acabar com a do
Lúcio Funaro", completou.