José
Dirceu e Antonio Palocci foram os aliados mais importantes de Lula na
eleição de 2002. O primeiro montou a aliança que tirou o PT do gueto da
esquerda. O segundo negociou a trégua entre o partido e o empresariado.
Depois
da vitória, os dois foram recompensados com os principais cargos do
novo governo. Dirceu passou a pontificar na Casa Civil como um
primeiro-ministro. Palocci assumiu a Fazenda com carta branca para
comandar a política econômica.
No
período da bonança, Lula não poupava elogios para afagá-los. O ex-líder
estudantil, que pegou em armas contra a ditadura militar, virou o
"capitão do time". O médico de Ribeirão Preto, que não parecia ter
intimidade com a bola, foi comparado ao craque Ronaldinho Gaúcho.
Depois
viria a tempestade, e o chefe lançou os auxiliares ao mar. "Eu afastei o
Zé Dirceu, afastei o Palocci, afastei outros funcionários e vou
continuar afastando", disse, durante a campanha à reeleição em 2006.
Nesta terça, os ex-ministros voltaram a se cruzar no noticiário. Dirceu, que cumpre prisão domiciliar, teve a pena aumentada para 30 anos de prisão. Palocci, que negocia um acordo de delação premiada, anunciou a decisão de se desfiliar do PT.
Condenados
por corrupção, eles escolheram caminhos opostos. Dirceu manteve o
silêncio em nome da "causa". Arrisca passar o resto da vida preso, mas é
tratado como herói pelos antigos companheiros. Palocci deve voltar mais
cedo para casa, mas jamais se livrará da pecha de traidor.
Muito
antes da Lava Jato, os dois chegaram a ser cotados para suceder Lula no
Planalto. Então vieram o mensalão e o escândalo do caseiro, e a
candidatura sobrou para Dilma Rousseff. Mas essa já é outra história.
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Ao disputar a Presidência, o tucano Aécio Neves
disse aos eleitores que sua vitória significaria "um não à corrupção e
um sim a um governo correto, regido pela ética". Pois é.