Aliados
de senador mineiro, afastado do comando do PSDB, já pedem abertamente
saída de tucano cearense; sucessão foi discutida em jantar
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO
Aliados
do senador Aécio Neves (MG) e ministros tucanos do governo Michel Temer
intensificaram a pressão pela saída do presidente interino do PSDB,
Tasso Jereissati (CE). Já há tucanos que pedem abertamente a destituição
do senador cearense.
Na
noite desta segunda-feira, 21, em um jantar, a sucessão na sigla foi
discutida. Participaram do encontro os ministros Bruno Araújo (Cidades) e
Antonio Imbassahy (Governo), o governador de Goiás, Marconi Perillo, e
deputados, entre eles o anfitrião, Giuseppe Vecci (GO), vice-presidente
nacional da legenda cotado para substituir Tasso.
Mais
cedo, o deputado Marcus Pestana (MG), aliado de Aécio, defendeu a saída
do presidente interino e disse que, se o senador permanecer no cargo, o
partido sairá mais dividido. “Infelizmente caminhamos para um impasse.
Tasso agiu por seis vezes em curto espaço de tempo contra a posição
majoritária. Agora, ou ele se afasta e prevalece a visão da maioria, ou
ele fica e o partido saí esfacelado do governo”, afirmou.
Mesmo
pressionado, Tasso Jereissati deve continuar no cargo. Entre seus
apoiadores, a avaliação, por ora, é de que sua saída implicará
aproximação ainda maior com o governo.
O
Palácio do Planalto incentiva a estratégia articulada por Aécio,
presidente licenciado, para destituir Tasso. Embora Temer negue
interferência em “assuntos internos” dos tucanos, Tasso é visto com
muita desconfiança e sua permanência no comando do partido tem sido
considerada desagregadora. Tasso defende a saída do governo e foi o
responsável pelo vídeo do PSDB que critica o “presidencialismo de
cooptação”.
Escancarada
na semana passada, com três reuniões entre Temer e Aécio, a articulação
para esvaziar o poder de Tasso não é de hoje, mas ficou mais forte após
a divulgação do programa do partido. Tasso assumiu o comando do PSDB,
em caráter provisório, depois que Aécio foi atingido pelas delações da
JBS.
“O
governo respeita o PSDB, que está vivendo um dilema. Não está
interferindo. É um dilema que eles têm que resolver”, afirmou o
presidente do PMDB, Romero Jucá (RR), e líder no Senado. Em conversas
reservadas, porém, interlocutores de Temer dizem que Aécio havia
conseguido “estabilizar” o PSDB e foi “atropelado” por Tasso.
2018.
O senador cearense é chamado no Planalto de “personalista” e muitos
veem em seus movimentos uma tentativa de ocupar espaço para emplacar uma
candidatura à sucessão de Temer, em 2018.
Cotado
para disputar a Presidência, o governador Geraldo Alckmin se colocou
nesta segunda-feira contra o movimento que tenta retirar Tasso do
comando nacional da sigla. Em conversas reservadas, Tasso defende a
candidatura de Alckmin ao Planalto. “A questão da direção partidária já
foi resolvida, o Aécio já se afastou, o Tasso já assumiu e vai conduzir
bem esse trabalho (de transição para as convenções)”, afirmou Alckmin.
No
caso de uma eventual saída de Tasso, Aécio teria de reassumir de forma
definitiva o cargo ou indicar um dos sete vice-presidentes para o posto.
/ COLABORARAM MARCO ANTÔNIO CARVALHO e PEDRO VENCESLAU