De passagem, ontem, pelo Recife, onde participou de um evento
promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais de Pernambuco (Lide-PE), o
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes abordou o processo de
investigação no escândalo da Lava-Jato e voltou a fazer duas críticas.
“Investigação sim, abuso não. Não se combate crime, cometendo outro
crime. E é preciso que a sociedade diga isso de maneira clara. Estado de
direito não comporta soberanos. Todos estão submetidos à lei", afirmou.
Mendes fez uma palestra por quase uma hora e respondeu a questões
feitas por empresários, advogados e autoridades públicas. O ministro
citou casos de investigações contra magistrados do Superior Tribunal de
Justiça e condenou a prática. Segundo ele, foram abertos inquérito para
apurar casos de magistrados que teriam se encontrado com deputados e com
a ex-presidente Dilma Rousseff para, supostamente, pleitear uma vaga no
tribunal.
“O que fizeram? Agora, um grande sujeito, grande acadêmico e grande
juiz é alvo de inquérito. Isso vai dar em alguma coisa? Claro que não.
Isso era para constranger a pessoa, o Tribunal e a magistratura”, disse.
“Quem não fez? Quem não pediu para ser indicado?” Para o ministro do
STF, em alguns casos, “expandiu-se demais a investigação, além dos
limites.” Para Mendes, o objetivo era colocar medo nas pessoas.
Diante disso, o presidente do TSE defendeu a imposição de limites a
algumas práticas. “Não se pode aceitar investigações na calada da noite.
Arranjos e ações controladas, que têm como alvo o próprio presidente da
República”, declarou. "Nós não podemos despencar para um modelo de
estado policial”, acrescentou. Na palestra, Mendes criticou a ideia de
que juízes e promotores poderiam ocupar o lugar de políticos.
“É preciso que se respeite o Congresso Nacional. É preciso que se
respeite a política. Vamos abominar, sim, as más práticas, mas não se
faz democracia sem política e sem políticos. E isto precisa ser
reconhecido e reconhecido pelas instituições”, afirmou. “Os
autoritarismos que nós vemos aí já revelam que nós teríamos, não um
governo, mas uma ditadura de promotores ou de juízes”, disse.
Mendes também criticou a forma como algumas decisões dos magistrados
afetam os recursos públicos e, como exemplo, citou o auxílio-moradia de
juízes. “Não pensem que nós, juízes e promotores, seríamos melhores
gestores. Temos uma decisão no Supremo de um juiz que manda pagar
auxílio-moradia, inclusive para quem tem casa, para todos os juízes do
Brasil. Isto custa R$ 800 milhões por ano. Nunca a decisão foi ao
Supremo, nunca foi ao plenário. E está sendo paga a todos os juízes.
Mimetizando o que já se paga a promotores. Ninguém cumpre teto, só o
Supremo. Vamos confiar a esta gente que viola o princípio da legalidade a
ideia de gerir o País? Não dá”.
PROCESSO JUDICIAL – A defesa do presidente Michel
Temer protocolou, ontem, na justiça, uma queixa crime por calúnia,
injúria e difamação contra o dono do grupo J&F e delator da Lava
Jato, Joesley Batista. A ação será analisada pelo juiz Marcus Vinícius
Reis Bastos, da 12ª Vara Federal de Justiça do Distrito Federal. Se o
magistrado entender que o pedido tem pertinência, ele abre uma ação
penal contra o empresário, que passa a ser réu no processo. Caso
contrário, pode arquivar o caso. A defesa de Temer também acionou a
Justiça de Brasília com um processo civil, para exigir indenização de
Joesley por danos morais.
Perdeu a vergonha– Na
belíssima entrevista que concedeu, ontem, ao Frente a Frente, falando
dos seus 80 anos de vida e 50 de carreira, o cantor Moacyr Franco exibiu
uma simplicidade encantadora, falou dos seus maiores sucessos e também
da sua outra faceta como humorista. Mas quando tratou de política – ele
foi deputado federal na década de 80 – preferiu não emitir conceitos.
“Estou tão decepcionado com a vida nacional que prefiro não entrar no
mérito desta discussão. O que posso dizer é que sinto muita pena do
Brasil”, desabafou, para acrescentar: "Mas perdi a vergonha de dizer que
fui deputado federal, porque sai da Câmara dos Deputados com a mesma
Caravan que cheguei ali".
Nordeste em pauta – Os secretários da Fazenda dos
estados nordestinos discutiram, ontem, no Recife, Marconi Marques
Frazão, propostas de revitalização do plano de desenvolvimento regional.
Ao final, sugeriram a criação de mecanismos que compensem as perdas que
serão geradas com a aprovação do Projeto de Lei 54/2015, que já passou
pela Câmara dos Deputados e retornou ao Senado Federal para avaliação. A
nova legislação prevê o encerramento dos programas estaduais de
incentivos fiscais em um prazo máximo de 15 anos para a indústria, a
partir da sanção dessa lei. Contudo, para compensar os prejuízos
causados pela diminuição da competitividade para atrair novas indústrias
e outros investimentos, os representantes da Região Nordeste, de forma
unânime, propuseram algumas medidas, dentre elas a redução gradual das
alíquotas interestaduais de 12% para 5% e de 7% para 0%, em um prazo de
sete anos.
Gesso volta ao debate- Em passagem, ontem, por
Araripina, o senador Armando Monteiro (PTB) esteve com o prefeito
Raimundo Pimentel (PSL) e lideranças da região no 1º Fórum de
Desenvolvimento do Polo Gesseiro do Araripe. O petebista colocou-se à
disposição do governo municipal para destravar ações que visam o
desenvolvimento do município. Pimentel reiterou o pedido para reincluir o
projeto de esgotamento sanitário no PAC. A obra, que iniciou em 2011 e
tem 55% do cronograma concluído, atualmente está paralisada. “Precisamos
reincluir essa obra no PAC. Ela foi excluída devido a uma série de
questões. Assumi o compromisso com prefeito Raimundo Pimentel e já
estivemos com os ministros da Integração Nacional e do Planejamento e
com a presidência da Codevasf. A partir daí, vamos ver a dotação
orçamentária necessária para retomar a obra e um cronograma para
entregar à população”, afirmou.
Caravana da Transposição- Com
o objetivo de dar celeridade ao Projeto de Integração do São Francisco,
um grupo de senadores da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo
(CDR) iniciou, ontem, uma caravana pelas obras da Transposição. A ação
começou pelos municípios de Terra Nova (PE), Jati (CE), além de São José
de Piranhas (PB) e Cajazeiras (PB). Hoje, continua em Pau dos Ferros
(RN) e Caicó (RN). Para o líder da Oposição no Senado, Humberto Costa
(PT), é necessária uma mobilização contínua para garantir que a
Transposição seja finalizada. Apesar de apresentar mais de 90% de sua
obra concluída, alguns trechos seguem paralisados.
CURTAS
SOCIALISTAS NO DEM– O presidente da República em
exercício, Rodrigo Maia (DEM), desembarcou, ontem, em Petrolina, de
surpresa, acompanhado do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM). O
ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, que cumpria agenda com o
governador Paulo Câmara, abandonou o encontro e foi direto para o
aeroporto recepcionar Maia. O que se diz é que Maia está tentando levar
os deputados dissidentes do PSB para o DEM e Fernando Filho seria o
primeiro.
FESTA JUNINA– O arraiá da Prefeitura do Recife vai
reunir todos os servidores para comemorar e celebrar, hoje, o São João. A
festa começa a partir das 14h, no térreo do edifício-sede, que fica na
Avenida Cais do Apolo, no Recife Antigo. O forró pé de serra será
comandado pela banda Culé de Xá. A programação realizada pela Secretaria
de Planejamento, Administração e Gestão de Pessoas integra o calendário
do Programa Servidor de Valor, que garante a valorização do servidor
municipal.
Perguntar não ofende: Temer não devia ter processado bem antes o empresário Joesley Batista?