O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal (STF), reconsiderou sua decisão de enviar ao juiz Sergio Moro
as citações da delação da Odebrecht a pagamentos ao irmão do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Frei Chico. Em resposta a um
agravo regimental proposto pela defesa de Lula, Fachin decidiu que o
material deve ser encaminhado à Justiça de São Paulo. José Ferreira da
Silva, nome de Frei Chico, é o irmão mais velho de Lula. Os delatores
Alexandrino Alencar, ex-diretor de Relações Institucionais da
empreiteira, e Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, que chefiou o
chamado departamento de propinas da empreiteira, disseram à
Procuradoria-Geral da República (PGR) que Frei Chico recebia uma espécie
de mesada. "Narram os executivos que os pagamentos eram efetuados em
dinheiro e contavam com a ciência do ex-presidente, noticiando-se,
ainda, que esse contexto pode ser enquadrado na mesma relação espúria de
troca de favores que se estabeleceu entre agentes públicos e
empresários", diz a petição enviada por Fachin à Justiça de Curitiba
àépoca do desmembramento dos casos relacionados à delação dos executivos
da empreiteira baiana. Para Fachin, após o recurso da defesa de Lula e a
análise dos depoimentos não foi possível constatar a "relação dos fatos
com a operação de repercussão nacional que tramita perante a Seção
Judiciária do Paraná". "À luz dessas considerações, nos termos do art.
317, ? 2º, do RISTF, determino a remessa de cópia dos termos de
depoimento dos colaboradores Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho
(Termo de Depoimento n. 9) e Alexandrino de Salles Ramos Alencar (Termo
de Depoimento n. 17), e documentos apresentados, à Seção Judiciária de
São Paulo", conclui o ministro.