Uma
das várias planilhas apreendidas em um escritório no Rio de Janeiro do
executivo da Odebrecht Benedicto Barbosa da Silva Júnior na 23ª fase da
Operação Lava Jato demonstra de forma cristalina o que todo o meio
político de Brasília sabia, mas faltavam provas materiais: o poder do
deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre bancadas de parlamentares emanou
do dinheiro.
Trata-se
de uma planilha de controle sobre doações oficiais nas eleições de
2010. Até aí nada de mais – a aberração do financiamento empresarial de
campanha deixou de ser legal só no ano passado.
A
novidade é uma coluna da planilha em que é mostrado o beneficiário da
doação (veja imagem abaixo). Note que a planilha chama de beneficiário
nem sempre a candidatura ou partido que recebe o dinheiro, mas em alguns
casos o "padrinho" da doação.
Eduardo
Cunha aparece como beneficiário de uma doação do Grupo Odebrecht de R$
1,1 milhão para seu partido, o PMDB. Se foi ou não devidamente
registrada é outra discussão e deverá ser objeto de novas investigações.
O curioso é ele aparecer como "padrinho" de uma doação bem maior, de R$
3 milhões, para o diretório nacional do PSC, atual partido do deputado
Jair Bolsonaro. Cunha aparece também na planilha como "padrinho" de
outra doação, de R$ 900 mil, para o PR.
Ou
seja, só por essas indicações na planilha, em 2010 Eduardo Cunha operou
como captador de R$ 5 milhões – isso apenas junto ao Grupo Odebrecht –
para três partidos, justamente os que em Brasília compõem a chamada
"bancada do Cunha", ou seja, o grupo de parlamentares de vários estados
que acompanha fielmente a liderança do atual presidente da Câmara em
todas as votações. (Veja teexto completo na matéria de Helena Sthephanowitz, para a RBA)