Advogados do PSDB pretendem pedir ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) a inclusão da delação premiada do ex-diretor da Área Internacional
da Petrobras Nestor Cerveró que cita a presidente Dilma Rousseff em
três ações que podem levar a Corte a cassar a chapa da petista e do
vice-presidente Michel Temer. Os tucanos também discutem se vão querer o
depoimento do próprio ex-diretor para instruir as ações do TSE. Cerveró
declarou à Procuradoria-Geral da República ter ouvido do senador
Fernando Collor (PTB-AL) menção à presidente Dilma Rousseff. Segundo
ele, em setembro de 2013, Collor afirmou que suas negociações para
indicar cargos de chefia na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras,
haviam sido autorizadas diretamente por Dilma. Logo após a revelação
desse trecho da delação, os advogados do partido de oposição começaram a
avaliar o teor do depoimento e a conveniência de incluí-lo nas ações
que investigam um suposto esquema de abastecimento da campanha da
presidente com recursos desviados da Petrobras. O advogado Flávio Costa,
da equipe que representa o PSDB nas ações no TSE, disse que as
declarações de Cerveró estão em "consonância" com os objetivos
pleiteados pelo partido sob investigação da corte, que seria demonstrar a
existência de irregularidades no financiamento da campanha da petista. A
delação reforçaria isso. Ele explicou que não se pode incluir fatos
novos nos processos, mas, pela lei processual, é possível colocar novas
provas a respeito dos fatos já alegados nas ações. Segundo Costa, como
nem toda a delação de Cerveró foi tornada pública até o momento, o PSDB
avalia se vale a pena esperar a divulgação para fazer o pedido ao
tribunal. Ele disse que esperar a íntegra pode levar a um atraso do
processo. Ao incluir a prova, reabre-se prazo para manifestação da
defesa da chapa de Dilma e Temer. "A tendência é pedir a inclusão da
delação", afirmou ele ao Broadcast Político, serviço de notícias em
tempo real da Agência Estado. Também está no radar pedir o depoimento do
próprio Cerveró para instruir as causas. Após decisão do Supremo
Tribunal Federal (STF) favorável ao rito do processo de impeachment
proposto pelo governo, em dezembro, o PSDB voltou a centrar esforços na
cassação da chapa pelo TSE. Se for cassada ainda este ano, haveria a
convocação de uma nova eleição presidencial direta e o presidente do
PSDB, o senador Aécio Neves, derrotado pela petista em outubro de 2014,
tem despontado como favorito em um eventual novo pleito. Se a decisão
acontecer nos dois últimos anos de mandato, é convocada uma eleição
indireta.