Josias de Souza
“Nesta situação tensa que existe no momento, não quero praticar deslealdade institucional. Isso eu jamais praticaria.”
A
perspectiva de poder tornou o vice-presidente Michel Temer um
personagem paradoxal. Ele se recusa a participar de qualquer articulação
anti-impeachment. Simultaneamente, assegura: “Nesta situação tensa que
existe no momento, não quero praticar deslealdade institucional. Isso eu
jamais praticaria.”
Beneficiário
direto do eventual impedimento de Dilma Rousseff, Temer se esquiva de
tomar parte dos esforços para barrar o processo contra a presidente sob
duas alegações: 1) esse tipo de atividade não se insere nas atribuições constitucionais do vice-presidente; 2) como o PMDB está dividido sobre a matéria, não poderia, como presidente da legenda, assumir a posição de um dos lados.
Submetido
a uma espécie de degredo político, esquecido em seu gabinete no
edifício anexo do Planalto, Temer foi subitamente revalorizado. Neste
sábado (5), de passagem por Recife, Dilma dirigiu ao número dois do
governo uma cobrançadisfarçada
de afago: “Espero integral confiança do Michel Temer e tenho certeza
que ele a dará. Conheço o Temer como político, como pessoa e como grande
constitucionalista.''
Como
político, Temer fareja a possibilidade de encerrar uma carreira de três
décadas sentado na poltrona de presidente da República. Como pessoa,
Temer se envaidece com a possibilidade de ascensão. E parece nutrir uma
preferência por substituir Dilma em vez de ajudá-la. Como
constitucionalista, Temer enxerga no impeachment uma ferramenta prevista
na Constituição, não um golpe.
Trafegando
na contramão do já esgarçado discurso petista do “nós contra eles”,
Temer enrolou-se na bandeira da “pacificação”. Para que não o acusem de
oportunismo, o vice-presidente recorda que vem afirmando há três meses
que o país precisa de alguém capaz de promover uma reunificação.
“Seja
sob o império da presidente Dilma ou de qualquer um que chegue ao
poder, é preciso reunificar o país”, diz Temer. “Precisamos de uma
aboluta pacificação nacional. Todas as mentalidades partidárias deveriam
se unir. Seja agora, sob o império da presidente, ou sob qualquer outro
império, tem que haver uma coalizão nacional. Até acho que, se a
presidente Dilma fizesse essa coalizão nacional, com todos os partidos, o
país sairia desse embaraço em que se encontra.”
Temer
costuma realçar que o impedimento não é o único risco que ronda o
Palácio do Planalto. “Tem também os processos do TSE, que podem cassar a
chapa”, afirma, numa referência às ações que correm no Tribunal
Superior Eleitoral, tendo como alvo a chapa de 2014, composta por Dilma e
Temer. A cassação da chapa ocorrerá se for acolhida a denúncia do PSDB
de que o comitê de campanha da presidente abusou do poder político e
econômico, borrifando na caixa registradora da campanha verbas sujas da
Petrobras.
Temer
costuma realçar que o impedimento não é o único risco que ronda o
Palácio do Planalto. “Tem também os processos do TSE, que podem cassar a
chapa”, afirma, numa referência às ações que correm no Tribunal
Superior Eleitoral, tendo como alvo a chapa de 2014, composta por Dilma e
Temer. A cassação da chapa ocorrerá se for acolhida a denúncia do PSDB
de que o comitê de campanha da presidente abusou do poder político e
econômico, borrifando na caixa registradora da campanha verbas sujas da
Petrobras.
Temer
se equipa para sustentar no TSE a tese jurídica segundo a qual as
contas de campanha de Dilma e a sua contabilidade eleitoral deveriam
deveriam apreciadas separadamente. Alega-se que as verbas provenientes
de propinas extraídas de negócios com a Petrobras não chegaram às contas
de campanha do vice-presidente.